Há tantas semelhanças entre norte americanos, europeus e os guajaramirenses, mas tantas, que lançam dúvidas na nossa vã filosofia! Eles, os cidadãos lá dos EUA, tem, por exemplo, o John Travolta, nascido em 18 de fevereiro de 1954, talentoso dançarino, cantor e ator americano.
Por
sua vez, Guajará-Mirim tem o seu Três Voltas. E explico: o Adoniran,
depois de assistir o filme “Os Embalos de Sábado à Noite”, estrelado
pelo astro John Travolta, passou a copiar-lhe o corte de cabelo e parte
do seu estilo de vestir. O ar espirituoso do guajaramirense, logo
elevado aos píncaros, foi afagado na ternura e na gozação que move o
espírito do povo desta abençoada terra, que não contou até 10 e lascou:
“esse Adoniran é o nosso TRÊS VOLTAS!” E lá se vão quase 40 anos...
Eu não disse? A cidade tem representações do que ocorre com a vida americana, inglesa e francesa.
O
americano Travolta nasceu em Englewood, em New Jersey, e estudou
teatro, canto e dança. A história de vida do John Travolta traz-nos a
informação de que estreou na Broadway aos 18 anos. O rondoniense Três
Voltas nasceu e cresceu em Guajará-Mirim, onde vive em estado de elevado
astral, com alegria e profissionalismo. Mecânico dos melhores,
competente e sério. Estreou no ofício lá com o Carlito, da Oficina
Maracaju. Agora montou a sua própria oficina.
Sabe-se
que o Travolta dos ianques é vidrado em aviões que ele mesmo pilota;
dizem que ele possui um Boeing 707 e um Gulfstream II, comandados em
viagem pelo astro.
O
nosso Três Voltas tem uma bicicleta Monark modelo 1989 em perfeito
estado, apesar de possuir duas rodas tortas em razão do ganho de carga
gerado pelo nosso herói, posto que a estrutura da bike, quase vencida
pelo tempo e pelos excessos de seu dono, não vem mais suportando. Mas
ele é dono de um baita chevrolet, último tipo do ano de 2014. Como todos
sabem se é chevrolet é da GM, ou seja de Guajará-Mirim.
Mas
o que desejo afirmar, muito mais importante do que falar dos dotes,
atributos e posses dos dois citados, é o orgulho que tenho de ser amigo
do Três Voltas brasileiro, rondoniense e guajaramirense, antes de tudo
um forte. É destemido, corajoso e intrépido.
E
justifico, para que os invejosos não digam por aí que são chorumelas o
que vou destacar: o Três Voltas é valente! Já enfrentou feras, inclusive
uma sucuri com quase 4 metros, quando se divertia com amigos dentro do
igarapé Ribeirão, ali na sua desembocadura, onde ele se encontra com o
Mar... DEIRA.
Muitas
“Skol” já tinham sido consumidas num domingo claro, céu azul, tão azul
que comovia e convidava ao ócio, à libertinagem e à descontração.
Num
instante em que Três Voltas nadava em direção ao meio do riacho, eis
que num átimo se sentiu enrolado por alguma coisa gosmenta, que o
apertava e apertava, tentando levá-lo para o fundo. Gritou ante a
surpresa tão rude, e nem ele soube explicar como que pôde se levantar,
alçando junto aquele monstro que tentava asfixiá-lo. Mas subiu, sentindo
seus pés firmes no fundo do leito do Ribeirão, e gritando e gritando
por auxílio foi em direção ao barranco, quando foi acudido pelos amigos
naquela hora.
O
Carlito tentou pegar a cabeça da bicha e foi mordido no punho, enquanto
que o nosso herói, já em terra firme, tentava desvencilhar-se do
réptil, finalmente seguro pela cabeça, que passou a ser pressionada para
que a cobra afrouxasse o laço quase mortífero com que tentava envolver o
Adoniran Três Voltas. Interessante é que a festa acabou para aqueles
companheiros, não sabendo o escrevinhador dizer o destino da cobra mal
humorada.
O que ficou patente é que o Carlito apressou-se em buscar socorro médico e a aplicação de um soro anti-tetânico.
O
Três Voltas até hoje reclama do mau cheiro que o impregnou todo por
conta do macabro abraço “sucuriano”, finalmente saído de sua pele quatro
ou cinco dias depois de muita limpeza, muito banho e emprego de muitos
ungüentos visando a retirada daquele fétido e nauseabundo odor.
Se
por um lado o John Travolta lá dos “States” brilhou (parece que não
brilha mais) na Broadway, por sua vez o nosso Três Voltas continua
resplandescendo no palco a céu aberto do teatro econômico, social e
profissional desta Pérola do Mamoré...
PAULO CORDEIRO SALDANHA: Nasceu em 1946, em Guajará–Mirim, Rondônia. É
Advogado e hoteleiro. Foi Presidente de Bancos Estaduais de Rondônia e
Roraima, Diretor do Banco da Amazônia e Diretor–Geral do Tribunal
Regional do Trabalho da 14º Região. Cronista e Romancista. É Membro
Fundador da Academia Guajaramirense de Letras-AGL e Membro Efetivo da
Academia de Letras de Rondônia-ACLER.