Reunidos de 23 a 25 de
agosto deste ano de 2016, cerca de 120 pessoas, representantes de diversos
movimentos, organizações da sociedade civil, pastorais, líderes de comunidades
tradicionais e povos indígenas e líderes religiosos, se reuniram para análise
da conjuntura e estudos sobre os grandes projetos desenvolvimentistas e seus
impactos negativos na vida dessas comunidades, povos e ao meio ambiente.
Ao final, um documento
foi encaminhado às autoridades do Peru, Bolívia e Brasil, bem como para as
sociedades destes países. Leia na íntegra:
“Das margens do rio
Mamoré nossas vozes ecoam em defesa da mãe Terra e das filhas e filhos da
Terra!”
Vindas e vindos do
Amazonas, do Acre, da Bolívia, de Brasília, do Peru, do Mato Grosso e de
Rondônia; das comunidades indígenas, das comunidades extrativistas
(seringueiros, castanheiros e açaizeiros), das comunidades ribeirinhas, da
agricultura familiar, das cidades, das comunidades de matriz africana, das
comunidades campesinas, das veias dos rios: Madeira, Mamoré, Guaporé, Acre,
Juruá, Purus, Madre de Dios, Abunã, Cabixi, Beni, Jamari, Machado, Juruena,
Marmelo, São Miguel, Moa, Yata, Branco e Pimenta, todos violentados por
projetos de infraestruturas (hidrelétricas, pequenas centrais hidrelétricas,
termoelétricas, rodovias, hidrovias, mineração, pecuária, exploração
madeireira, petrolífera, expansão da monocultura da soja, eucalipto, cana de
açúcar, projetos de REDD, invasões de áreas protegidas, que culminam com
ameaças e mortes de lideranças). Nos encontramos no II Encontro Sem Fronteiras
- Bolivia, Brasil e Peru, na cidade de Guajará Mirim/RO, com o objetivo de
trocar experiências de vida, fortalecer a luta e refletir os impactos desses
grandes empreendimentos e as mudanças climáticas decorrentes da ação do sistema
capitalista, por meio de empresas e governos, que não levam em conta a vida da
Mãe Terra e de suas Filhas e Filhos.
Motivadas e motivados
pela espiritualidade dos povos da floresta, das águas, do campo e das cidades,
em uma só voz denunciamos as várias faces desse desenvolvimento perverso, que
produz o Ecocídio, o Etnocídio e o Genocídio da mãe terra e alimenta o
capitalismo selvagem, mercantilizando os rios, as florestas, o ar e a terra
mãe, expulsando as filhas e os filhos da terra em favor dos projetos, que
produzem morte cultural, econômica, social e organizacional dos povos
indígenas, comunidades tradicionais, campesinos, comunidades de matriz africana
e comunidades urbanas.
Reafirmamos nosso
compromisso em Defesa da Vida, porque “nós somos guerreiras e guerreiros e não
vamos deixar que matem a mãe Terra” e nos unimos em Aliança para impulsionar os
processos de informação, de conscientização, de mobilização e de fortalecimento
das práticas milenares, que defendem o Bem Viver como alternativa e solução
para enfrentar as mudanças climáticas decorrentes deste modelo econômico
excludente.
A PanAmazônia precisa
Viver para que a Mãe Terra - a Pacha Mama - possa garantir a vida sadia das
atuais e futuras gerações.
Guajará Mirim, 25 de
Agosto de 2016.
Fotos: Cimi Regional Rondônia