Mais de 3.000 pessoas conectadas
pela arte. Esse foi o resultado da segunda etapa do Cineamazônia Itinerante
2016, projeto que levou cinema e circo para dezessete comunidades ribeirinhas
do rio Guaporé entre Rondônia e Bolívia, entre os dias 13 de julho e 02 agosto.
Durante os 21 dias de viagem, a
caravana cultural Itinerância explorou de barco um dos rios mais importantes de
Rondônia levando toda a estrutura de filmes apresentação de palhaços, além de
oficinas culturais de fotografia e produção de pequenos curtas para as
comunidades.
Fernanda Kopanakis (organizadora
e uma dos idealizadores do festival) aponta que há uma diferença clara na forma
que o público passou a acompanhar o projeto, realizado desde 2008.
“Depois de oito anos de festival,
já é visível que há uma formação efetiva de platéia. Temos um público cativo
que já espera que cheguemos na comunidade e que senta para de fato assistir aos
filmes. Esse público não vai mais apenas porque é novidade, mas porque quer
assistir algo novo e diferente”, analisa Fernanda.
Os destinos foram escolhidos a dedo para
manter o trajeto mais democrático possível, passando por cidades com maior
porte como Costa Marques e Guajará-Mirim, no Brasil e Guayaramerín, na Bolívia,
paradas tradicionais do Cineamazônia Itinerante. Isso, porém, sem esquecer-se
dos lugares mais remotos, como os Quilombos de Santo Antônio e de Pedras Negras
e a Reserva Extrativista Rio Ouro Preto, que recebeu pela primeira vez o
festival.
Com isso, o Cineamazônia mantém o
seu objetivo de levar o cinema, o circo e a fotografia para os lugares mais
distantes do interior da Amazônia, onde a arte e o poder público encontram
dificuldades de chegar.
“É uma emoção muito forte estar em comunidades
que possuem um histórico de resistência e luta tão fortes, como é o caso dos
quilombos e a Resex Rio Ouro Preto. A cultura é um direito de todos e é muito
bom que tenhamos a oportunidade de levar a arte do cinema e do circo à essas
pessoas que raramente têm acesso a esse tipo de coisa”, ressalta Fernanda
Kopanakis.
Oficinas
Além dos filmes e das
apresentações dos palhaços, o festival também levou oficinas de fotografia,
ministrada pela premiada fotógrafa carioca Bete Bullara. A oficina de “pinhole”
(técnica que remete aos primórdios da fotografia utilizando apenas uma caixa
com um furo para a entrada da luz) mobilizou os jovens das comunidades.
“Decidi fazer porque tenho um apreço enorme
por fotografia. Tenho uma câmera digital pequena e não profissional. Já faz um
tempo que gosto de tentar fotografar. Saio às vezes para fazer alguns
experimentos quando a luz está bonita”, disse Fernanda Andrade, 15 anos.
Outra oficina oferecida foi a da
técnica de Pixilation, produzida e dirigida por Christyann Ritse. Feita junto
com as crianças de cada município, a oficina servia para aproximar as crianças
menores à sétima arte. O resultado era sempre visto no início de cada sessão,
mostrando que o cinema pode ser acessível a todos.
“Foi muito proveitosa a oficina, porque
reafirmou a ideia de levar um pouco do universo da produção audiovisual para
essas comunidades mais isoladas que não possui tanto acesso à informação e
tecnologia. É uma forma de brincar com esse universo lúdico à essas crianças”,
afirma Christyann.
Como ocorreu na primeira etapa do
Cineamazônia Itinerante, o festival também procurou registrar personagens e a
vida de cada comunidade visitada, através do projeto Museus Vivos, disponível
no canal do youtube e no website do festival.
“A itinerância mostra pra nós a
importância de registrar a Amazônia. Nós temos tido essa missão ao longo dos
anos. Registramos as transformações dos lugares e das pessoas. Hoje ninguém tem
esse tipo de registro tão profundo quanto o Cineamazônia”, diz Jurandir Costa,
um dos idealizadores e organizadores do projeto.
Cineamazonia, 14a EDIÇÃO, tem o
patrocínio do BNDES, Governo Federal, Ministério da Cultura, Secretaria do
Audiovisual, Lei Rouanet. Apoio Cultural da Prefeitura de Porto Velho, através
da SEMA.
Fonte: Assessoria