A delegacia de polícia de Nova Mamoré,
cerca de 300 quilômetros de Porto Velho, é o retrato fiel do caos em que vive
hoje o setor de segurança pública em Rondônia. O prédio, castigado pelo tempo e
pela falta de conservação, está tomado por morcegos e ratos.
A denúncia feita pelo Sindicato dos
Servidores da Polícia Civil do Estado de Rondônia (Sinsepol) foi comprovada por
laudo técnico emitido pela Vigilância Sanitária do município. A vistoria
técnica foi solicitada pela comissão formada pelo presidente do Sinsepol,
Rodrigo Marinho, pelo diretor financeiro, José Riberio e pelo diretor social,
Adão James, que faz um levantamento de todas as unidades no Estado.
A inspeção foi realizada pelo inspetor
sanitário Rinaldo Lima e pelo fiscal sanitário Ricardo Aguiar. De acordo com
laudo de vistoria técnica, foi feita uma espécie de “varredura” na parte física
do prédio, instalações elétricas – com sérias avarias que põem em risco a vida
dos servidores -, parte hidráulica, na parte interna e externa da delegacia.
Segundo o laudo, o objetivo era
averiguar as condições físicas, condições higiênicas e sanitárias,
principalmente pela presença explícita de morcegos e ratos.
Foram checadas todas as instalações:
sala onde funciona o comissariado, recepção, sala de administração, cartório,
sala que abriga o Serviço de Investigação e Captura (Sevic), sala do delegado,
cozinha, banheiros, sala do IML, e duas pequenas salas que são usadas como
celas para presos provisórios.
Segundo o laudo, a maioria dos locais
vistoriados apresentou vestígios de morcegos e ratos. Foram identificadas
fezes, urina e odor forte, além de ruídos emitidos por morcegos.
O laudo aponta ainda que a parte
externa do forro está danifica. O local pode ter sido usado para a infestação
de morcegos.
Na sala destinada ao delegado, o
segundo o laudo da Vigilância Sanitária, não há forro. O mesmo acontece na sala
da administração. Não há forro também nas salas usadas como celas para os
presos provisórios – o que facilitaria muito a fuga de possíveis detentos.
O laudo desaprova as condições de
higiene dos banheiros da delegacia. A mesma avaliação é feita para o depósito
de materiais apreendidos.
Risco para saúde
Segundo a comissão do Sinsepol
liderada pelo presidente Rodrigo Marinho, o laudo conclui que a presença de
morcegos e roedores, suas fezes, urina e secreções, podem trazer danos sérios à
saúde de policiais e servidores que trabalham na delegacia de Nova Mamoré.
O laudo aponta para o risco de
contaminação direta por ataques. Eles podem transmitir raiva, hantavirose,
histoplasmose, leptospirose, entre outras doenças infectocontagiosas.
Descaso total
Segundo o presidente do Sinsepol, Rodrigo
Marinho, o laudo foi pedido pelo sindicato para que o governo não tenha como
contestar a gravidade dos problemas apresentados. Ele afirma que a maioria das
delegacias, em todo estado, está em total abandono.
Não há qualquer tipo de investimento
do governo de Rondônia para a melhoria da qualidade da ambiência dos locais que
abrigam as delegacias atualmente.
O sindicato vem fazendo uma
radiografia – toda documentada – para mostrar para a população a falta de
compromisso com o setor de segurança pública.
Toda a documentação deve ser
encaminhada aos órgãos competentes para que alguma coisa seja feita. “Chegamos
ao fundo do poço. É humanamente impossível trabalhar em condições tão
precárias. É preciso que a realidade seja mostrada para que o governo faça menos
política e invista, de verdade e de forma correta, na melhoria do aparato de
segurança da Polícia Civil no Estado”, disse Rodrigo Marinho.
Fonte e fotos: Assessoria Sinsepol.