Por Fábio Marques
Outubro foi marcado pela violência em Guajará-Mirim. É impossível ficar indiferente frente a esta situação que assola a cidade. Estamos sem proteção até mesmo no aconchego de nossos lares. A proteção de nossas casas, de nossas vidas, de nossos filhos, de nossos trabalhos, do direito de escolha e do direito de ir e vir estão indo para o vinagre. Qual a saída para esta questão que assombra pela ousadia dos marginais que estão dispostos a tudo, inclusive matar ou morrer pelos seus nefastos objetivos? Prevenção, controle, repressão e rigidez nas punições.
Não queremos que a outrora pacata Cidade Pérola se transforme em um estado policial. Mas por outro lado, também não queremos ficar a mercê da violência que hoje está tomando conta de Guajará-Mirim. Nunca tivemos notícia de violência igual a que ocorre nos dias que nos acompanham. Não dá para explicar, por exemplo, como pessoas oriundas de famílias tão ordeiras, sejam capazes de cometer crimes tão chocantes e até bárbaros.
O atual estado de violência que hoje assusta a todos os cidadãos de bem de Guajará-Mirim está criando uma situação de neurose coletiva. Perante a omissão do Estado para este estado de coisas, pessoas estão se armando de forma ilegal e fazendo ou querendo fazer justiça pelas próprias mãos a exemplo das cidades sem lei das antigas películas de faroeste.
A sugestão a ser dada a estes cidadãos que, cansados de esperar pela presença do Estado para a solução deste sinistro social, é que cada um procure protocolar na Delegacia de Polícia um pedido de porte de arma por necessidade de auto-defesa. É lógico que este pedido vai ser negado. Mas é salutar que se arquive este pedido num espaço da casa. Em caso de assalto, este cidadão deveria acionar o Estado pedindo ressarcimento dos prejuízos e indenização. Ora, se o Estado não permite que o cidadão se defenda, o Estado é responsável direto e deve pagar o prejuízo.
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A cultura da televisão também é co-responsável por esta situação. A televisão todos os dias dá aulas explícitas de violência e abuso através de programas de apelos sexuais e filmetes Made –in-America em que a porrada e o tiroteio são passados ao público que assiste, como expressão de arte e entretenimento. Pelo poder de influência, a televisão poderia estar levando à este público palavras, atitudes, hábitos e costumes mais favoráveis à melhoria da qualidade no convívio entre os seres humanos, em vez da violência explícita.
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E até no futebol a violência campeia sob disfarce ou de forma oculta. Outro dia, após um Vasco e Flamengo em que a equipe de São Januário acabou garfada pelo árbitro, a torcida rubro-negra celebrou a vitória de forma absurda. “Roubado é mais gostoso”, inflavam-se com orgulho os “urubus”, expondo assim a vitória da falcatrua sobre a coisa honesta. Honraria aos bandidos e a todos os que festejam o crime, que por menor que tenha sido, no mínimo fragiliza o código de respeito e elegância da boa conduta e do bom convívio. Neste caso singular, a mudança é apenas de cenário, mas o caráter de violência e sem-vergonhice é o mesmo.