Sem distribuição local, os alimentos da merenda escolar são adquiridos da Bolívia e região sudeste |
A cadeia produtiva em relação a merenda das onze escolas municipais de Guajará-Mirim
(RO) foi discutida na manhã desta terça-feira (14), em uma reunião da
Secretaria Municipal de Educação (Semed) com produtores rurais e
compradores.
Segundo a pasta, a lei determina que pelo menos 30% da alimentação dos
estudantes deve ser feita por produtores locais, mas por falta de mão de
obra, somente 15% da meta é atingida.
A rede municipal de ensino atende mais de 5 mil estudantes. Para suprir
a demanda, as escolas têm que comprar alimentos da Bolívia, além de
revendedores da região sudeste e de supermercados, o que representa um
gasto maior, já que o preço de mercado é mais alto em relação a compra
feita diretamente dos fornecedores da região, principalmente de verduras
e legumes.
Reunião aconteceu nesta terça para discutir cadeia produtiva do município |
O encontro foi realizado na Escola Municipal Salomão Silva, com a
coordenação da nutricionista da prefeitura, Viviane Vaz. Segundo ela, um
dos empecilhos é que os produtores rurais não demonstram interesse em
fornecer os alimentos produzidos na região para a merenda escolar
"Trabalhamos com essa questão há dez anos, eles [produtores rurais]
tiveram bastante incentivo para fomentar a produção, mas existem alguns
entraves para fortalecer essa relação, como as más condições das
estradas vicinais. O objetivo da reunião é escutá-los para saber quais
as necessidades", diz Viviane.
A nutricionista explicou ainda que a Lei 11.947/2009 obriga o município
a comprar 30% da merenda escolar de produção da agricultura familiar,
mas somente metade é cumprida. "O próximo passo é traçar uma estratégia
para incentivar a distribuição e os pontos fortes, porque é de interesse
de todos que se desenvolva isso", comenta.
O psicultor e representante dos produtores
rurais, Francisco de Assis, admitiu que realmente existe uma grande
dificuldade para a distribuição básica de gêneros alimentícios, como a
desorganização dos agricultores sobre a cadeia produtiva.
"Nossos agricultores individualmente têm muitas dificuldades de
comercialização pela falta de infraestrutura, estrada. Isso acredito que
seja em decorrência da falta de políticas públicas visando o mercado
institucional e local também. Hoje temos um mercado forte com o dinheiro
das escolas, mas os produtores não conseguem chegar até esse mercado",
explica.
Segundo o diretor da escola Salomão Silva, Agustinho de Medeiros, a
instituição atende 806 alunos e o recurso para aquisição de alimentos da
merenda escolar é de R$ 3,10 por aluno e todas as compras são feitas à
vista.
"Temos uma grande dificuldade em comprar os produtos daqui porque é
difícil os produtores comparecerem na licitação, muitas vezes por falta
de informação ou transporte, já que muitos moram na zona rural. Sem o
fornecedor local, nós acabamos comprando alimentos industrializados, que
se torna mais caro para a escola e qualidade não é a mesma. O ideal
seria adquirir alimentos frescos, produzidos aqui mesmo", afirma
Agustinho.
Fonte: G1