Coluna Almanaque - ENTRE A LOUCURA E A RAZÃO*

Por Fábio Marques
Compartilhe no WhatsApp
O Mamoré
Por -
0
Por Fábio Marques
Antes de tudo, uma explicação: continuo levando minha vidinha medíocre, a beber meus birinaites no bar do Clóvis, a ler tudo quanto é tipo de revista que me arrumam os amigos, a escrever artigos contra tudo quanto é tipo de governo e matérias que retratam o cotidiano para os sites da cidade.
Relembro que há algum tempo a ex-relações públicas da prefeitura, Aline Assis, ao fazer elogios ao meu estilo de escrever, me disse que eu não fazia matérias e sim poesias. Agradeci mas ao mesmo tempo fiquei puto comigo. Eu estava fazendo tudo errado. Eu não queria fazer novelas de meus artigos. E também queria fazer matérias sem romancear a coisa. Afinal o público quer notícias objetivas, diretas. O público quer o preto no branco.
Escrever matérias não é difícil. É só passar para o papel as seis perguntas básicas do jornalismo: O quê, quem, quando, onde, como e por quê. O texto, uma vez enxuto é mais ou menos assim: “Morto de bêbado e de ciúmes (como e por quê), o chapa e carregador Roberval de tal (quem), morador da Avenida Capitão Alípio (onde), meteu a peixeira (o quê) na madrugada de sábado (quando) em sua esposa Leidiane de tal (quem), que acabara de chegar do Clube Forró Forrado onde passara a noite. Vizinhos chamaram a Polícia que apareceu, flagranteou no ato Roberval e o conduziu para a cadeia.
Então não é difícil, embora também seja preciso ter uma excelente base de leitura a fim de dar melhor embasamento para o texto exposto. Mas apesar de estar ciente e consciente de como se deveria trabalhar um artigo ou matéria, enxergo hoje muitos analfas que trabalham na área e se acham “experts” no segmento fazerem dinheiro com este promissor mercado sem estarem com habilitação e qualificação para tal. Enquanto isto prospera, este cronista vem a público reclamar que o que está ganhando é mais a título de doação, esmola, serviços prestados pela permissão de ocupar um espaço que poderia muito bem ser de outro jornalista com mais pedigree.
Mas estão corretos. Afinal quem sou eu? Apenas um imbecil achando que tem alguma importância. Uma cara que não tomou o “simancol” que com um “pé-na-bunda” ou tapinha nas costas com Tchau e Bença, eles acabam com a minha importância, pois nada mais sou que um reles e fudido empregado cujo espírito vem sendo quebrado a cada dia que vai passando.
Em toda minha vida, sempre procurei o melhor caminho a ser seguido. O caminho das boas amizades, das boas conversas, das boas leituras e dos melhores prazeres. Por outro lado, em toda minha vida também caminhei por uma ponte caindo aos pedaços e feitas de medos e receios, culpas e remorsos, falta de dinheiro e na eterna procura do amor. E todas às vezes que alguma coisa dá certo em minha errática vida, sempre acontece alguma cagada. Sou sabedor que existem várias maneiras do ser humano escapar de si mesmo. Se embriagar, fumar maconha, cheirar pó, dar um tiro na cabeça e por último, através da leitura.
Por enquanto continuo mantendo minha eterna paixão pelo léxico da gramática. Ou seja, pelos prazeres dos bons autores. Mas não sei até quando estes comparsas de solidão vão me aguentar.
*Da seleção das melhores crônicas do autor.
Siga no Google News

Postar um comentário

0Comentários

Postar um comentário (0)

#buttons=(Ok, estou ciente!) #days=(20)

Nosso site usa cookies para melhorar a experiência de navegaçãoSaiba Mais
Ok, Go it!