Por Fábio Marques
Aqueles que ainda conservam alguma fantasia em relação ao
início das obras da Ponte bi-nacional, podem colocar as barbas de molho
aí por pelo menos mais uma porrada de tempo. Graças a algumas correntes
retrógradas e arcaicas que ainda estão ancoradas no passado, e sabe-se
lá porque cargas d’água, preferem que Guajará-Mirim continue neste
marasmo, que continue como uma cidade morta e refém do atraso e da
nostalgia de tempos idos, é que também iremos continuar boiando como
uma nau a deriva.
Aconteceu de tudo neste balcão de
discussões que envolveu este mega-projeto. Idéias, discursos,
expectativas e frustrações. Projetos bem feitos, utopias, sonhos e
fantasias rarefeitas. Propostas concretas e interesses abstratos. Tudo
por água abaixo. Também pudera! Todos sabem que onde quer que hajam
obras públicas, sejam de pequeno ou grande impacto, também existem
interesses. No caso da ponte Brasil-Bolívia, o fiel da balança teve como
contrapeso o interesse de Ongs ligadas a questão ambiental e alguns
eco-chatos de plantão. E bota eco-chatos aí no gibi. Me recuso a aceitar
a idéia, por exemplo, de que um lingüista lá da Noruega que descobriu
que lá no lado da Bolívia aonde ficaria o outro extremo da ponte, existe
uma família de meia dúzia de índios Corococós, e que entraria na
Justiça para impedir a construção do progresso até que a linguagem
Corococó fosse toda passada para o norueguês. É mole ou quer mais?
Mas no auge do debate sobre a construção da tão sonhada
ponte, também se pôde perceber ânimos exaltados, nervos a flor da pele,
muito falatório e também conversa séria. Em alguns momentos a emoção por
parte de um ou outro radical conseguiu roubar o espaço do consenso
geral. Também ficou fácil identificar que aqueles que procuram pautar
esta discussão pelo lado da emoção, o fazem apenas pelo jogo de
interesses. A Ponte Brasil-Bolívia é um antigo sonho do povo não só de
Guajará-Mirim, mas também de nossa co-hermana Guayaramerin, e sua
proposta é promover o desenvolvimento e aproveitar as vantagens e
benefícios que advirão com a construção desta estrutura, tais como a
quebra do isolamento de setores populacionais e da produção agrícola,
além de se transformar em elo de integração definitivo entre Brasil e os
países vizinhos tanto nos campos econômico, político e cultural.
Portanto fica adiada a nossa tão sonhada construção da Ponte
bi-nacional. A nossa tão sonhada estrutura de aço e concreto que iria
resgatar o progresso e melhorar o padrão de vida do povo de
Guajará-Mirim trazendo faturamento para nossas empresas, graças a
algumas agitações que na verdade só reservam secretas despeitas, vai ter
que aguardar por um bom tempo na sala de espera da força de correntes.
Não poderia terminar este artigo sem agradecer o empenho do
ex-chefe do DNIT, Miguel de Souza, que acreditou nesta utopia e conjugou
esforços junto às altas esferas do Poder Federal para trazer esta obra
para Guajará-Mirim. Mais que um sonhador, o Doutor Miguel achava que
esta Ponte atendia aos interesses de todos, uma vez que os benefícios
seriam concomitantes com uma alta de padrão de vida, pois haveria
consumo.
E este consumo iria representar bem-estar para todos que aqui residem.
*Da seleção das melhores crônicas do autor.
Apoio Cultural:
Coluna Almanaque - UMA PONTE LONGE DEMAIS – PARTE 2*
Por Fábio Marques.
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junho 09, 2018
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