A reunião proposta pelo deputado José Lebrão (MDB), realizada na tarde
de segunda-feira (26), no Plenário da Assembleia Legislativa, teve como
pauta a discussão referente à Lei nº 1146/2002, que trata da alteração
dos limites com exclusão e ampliação da superfície do Parque Estadual de
Guajará-Mirim, criado pelo Decreto nº 4.575/1990.
Segundo
Lebrão, existem várias denúncias relacionadas a abuso de órgãos
governamentais, referentes às ações truculentas do Estado contra
moradores da região, que estaria impedindo o direito de ir e vir das
pessoas e o direito ao trabalho na terra para a própria subsistência das
famílias.
“Na verdade essa é uma audiência onde vamos
discutir, saber se esta lei está ou não em validade, ouvir os
questionamentos dos moradores, as denúncias das famílias que moram no
Parque que estariam sendo prejudicadas por órgãos como a Sedam, a
Polícia Ambiental, enfim, é o momento ideal para tirar todas as dúvidas e
resolver o que precisa ser resolvido”, declarou o deputado.
Lebrão solicitou que o presidente do Conselho Fiscal da Asprojapolis,
senhor Mineiro, autor das denúncias, iniciasse os pronunciamentos. Ele
explanou sobre os acontecimentos dentro da área do Parque Estadual de
Guajará-Mirim e disse julgar importante a discussão de três principais
aspectos.
Para o presidente do Conselho, dar legalidade e ter
reconhecido o direito de posse da terra para cerca de 740 famílias que
estão no Parque Guajará-Mirim é uma responsabilidade do Poder
Legislativo. Outro ponto, segundo Mineiro, é referente a levar em
consideração que as famílias que estão nas terras do Parque, “trabalham
pela terra”.
Por último, Mineiro citou a interdição da BR 421
que, segundo ele, aconteceu porque a Justiça teria sido induzida ao
erro. Ele também questionou sobre “o porquê a Sedam persegue posseiros e
usa de arbitrariedade contra colonos e se o órgão tem algum interesse
de cuidar da área para alguém”, citou Mineiro.
O advogado
Lindolfo Cardoso Junior, disse considerar a reunião uma “audiência
inócua” e defendeu que a “reserva estadual de conservação em discussão
sequer existe”. Ele disse que o Estado estaria prevaricando e agindo com
abuso de poder, “e quando o Ministério Público resolver abrir os olhos,
os responsáveis vão ter que responder”.
Segundo o advogado, o
debate discute a mudança de limites de uma reserva que não existe, de um
decreto que já caducou, e afirma que isso só seria possível quando o
Estado exibir registro de cartório comprovando a matrícula que comprove a
propriedade da área. Ele informou que sua cliente, Victória Pando da
Silva, de 86, tem os títulos das terras onde hoje se encontra o Parque
Guajará-Mirim e que os títulos foram herdados do pai, José Pereira da
Silva
Erasmo Tenório da Silva, superintendente do Incra,
colocou o órgão à disposição para ajudar o Estado, a Assembleia e as
famílias no que for preciso. Disse que órgão passou por mudanças e
relatou que a luta é por renovação e questões que envolvem a
regularização fundiária e reassentamentos. Segundo ele, o órgão tem 30
mil títulos que precisam ser regularizados.
A chefe da Divisão
do Terra Legal, Joyce Kellen Ferreira e a coordenadora do Programa Terra
Legal, Roselucci dos Santos, se colocaram à disposição para responder a
questionamentos e a afirmaram que a área em discussão não cabe ao Terra
Legal.
Representando a Polícia Militar, o chefe do Estado
Maior, coronel José Hélio Cysneiros Pachá, disse que acompanhará as
denúncias, e colocou a coordenadoria a disposição para contribuir nas
questões específicas que possam necessitar do apoio da PM.
Antônio Isac Nunes Cavalcante, procurador ambiental da Procuradoria
Geral do Estado (PGE), disse existir ações judiciais com manifestação
dos Ministérios Públicos, federal e estadual e que, inclusive, “eles
seriam os órgãos de controle com maior interesse em desenvolver ações
para a proteção de reservas de conservação e impedir que as mesmas
áreas, sejam ocupadas por particulares”. Cavalcante defendeu ser
necessário um estudo e retrospecto mais profundo sobre a Lei nº
1446/2002.
O secretário-adjunto da Secretaria de Estado de Meio
Ambiente (Sedam), Jorge Lourenço, afirmou que hoje, após a reformulação
da segunda aproximação do zoneamento, nos 207 mil hectares do Parque
Guajará-Mirim, não há invasões no que tange esse perímetro.
Ele
disse que é preciso entender que há muitos questionamentos legais e
ressaltou que é prerrogativa da Sedam gerir, manter e proteger, por
força de lei e resoluções, que a área não seja invadida por posseiros e
que o órgão é “bastante vigiado pelo MPF e pelo MPE para que isso se
cumpra”. Segundo Lourenço, “a Sedam anda dentro do quadrado da lei”.
A engenheira florestal, Célia Arruda, reforçou que as terras do Parque
Guajará-Mirim são de patrimônio da União, para conservação da natureza.
Segundo ela, até 2014 não havia desmatamento na área, e que isso passou
acontecer em 2015, com a abertura da BR 421. Ela sugeriu uma perícia
para a averiguação de todas as informações que foram apresentadas na
audiência.
O deputado Lebrão informou que como encaminhamento
solicitará que a assessoria jurídica da ALE faça um levantamento e
estudo sobre a real legalidade e existência da Lei nº 1466/2002. O
parlamentar destacou que a Sedam não apresentou a comprovação da
revogação da referida lei via ação de inconstitucionalidade.
Segundo Lebrão, o Estado perdeu muito com o zoneamento e que isso
precisa ser corrigido com alterações necessárias e que o assunto ainda
será amplamente discutido na Assembleia. O deputado também afirmou que
“enquanto uns lutam para fechar a Estrada Parque a gente luta para
buscar recurso e pavimentar a rodovia”.
O deputado defende que
estradas diminuem distâncias e contribuem com o desenvolvimento do
Estado e que algumas situações burocráticas apenas desaceleram os
avanços. Lebrão disse esperar que o novo presidente do Brasil reveja
muitas questões referentes a criação de áreas consideradas de
preservação, pois para ele, Rondônia possui muita reserva ambiental que
na realidade são grandes áreas produtivas.
“E tudo isso se
resolve com política de ação, soluções que realmente venham resolver de
fato. Vou procurar sempre defender pessoas compromissadas, fazendo valer
a maioria. Vamos dentro da lei e dessa forma, procurar resolver todos
os problemas”, concluiu José Lebrão.
Fonte: Decom - ALE
Reunião proposta por Lebrão discute situação legal do Parque Estadual de Guajará-Mirim
Audiência pública tratou da alteração dos limites com exclusão e ampliação das áreas do parque.
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novembro 27, 2018
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