Coluna Almanaque: DINHEIRO, A ALMA DO NEGÓCIO*

Por Fábio Marques
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O Mamoré
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Por Fábio Marques
É de todos sabido que o Estado só prospera quando o dinheiro que circula representa todas as coisas ou quando todas as coisas representam o dinheiro. O dinheiro não passa então de um símbolo de todas as coisas. O problema é que a religião da bufunfa distorceu coisas e situações no percurso da história. Hoje a cidadania é reconhecida pelo poder de consumo. Um carro Honda Civic ou Mercedes-Benz estão valendo muito mais que a biografia dos cidadãos, e as roupas que estes vestem estão valendo muito mais que a sua própria história. É uma inversão de valores.
A dinastia da grana, quando se encontra em ascensão, procura de todas as formas impor seu método de vida para aqueles que não têm coragem de conquistar, roubar, enganar, acumular ou fazer negócios. Aqueles que são contrários a esta ideologia suicida de vida acabam caindo no desprezo e não raro são tachados de “quebrados” ou “fudidos e mal pagos”.
Mas aí eu pergunto: quebrados ou fudidos e mal pagos em relação a quê? É de arrombar os culhões aguentar o cara que é apegado à sua fortuna que é incapaz de renunciar pelo afeto que possui pelo dinheiro e pela ambição de conseguir mais e mais, às alegrias do coração, à paz de espírito e a harmonia entre amigos e também com todas as coisas. A coisa mais importante para estes escravos do dinheiro é falar de negócios e transações comerciais. Vocês aí me digam: onde está a pobreza e onde está a riqueza? Onde se encontram os valores reais e onde se acham embutidos os “valore$ reai$”?
A vitória do cara apegado ao capital depende da derrota daqueles a quem deveria ser ao menos mais chegado. É o ser humano que acaba se tornando inimigo do próprio ser humano. A destruição de um é a satisfação do outro. A ambição, o ódio, a inveja, a maldade e a despeita completam este perverso mosaico. Em sua ânsia por dinheiro, lucro e poder a qualquer custo, os escravos do capital até esquecem que a qualquer momento, sem que se perceba, a morte resolve aparecer para uma conversa sobre a vida através de um infarto, AVC ou um câncer que devasta múltiplos órgãos e que encerra seu macabro teatro num féretro paletó de madeira.
A conta bancária, as especulações acerca de negócios e as licitações costumam ocupar a consciência daqueles que dedicam suas vidas ao “louvável” objetivo de ganhar dinheiro. A falta de largueza de vistas, o egoísmo, a mesquinhez e tacanhez não só em relação a fatores de finanças, mas também de espírito, tudo isto corrompe a alma daqueles que consagram o dinheiro e se ajoelham no altar de “Wall Street” para agradecer ao Deus mercado e à Nossa Senhora da mercança.
Mas ainda assim existe gente do metié das cifras cambiais que apesar de conviver com o mundo dos negócios, conseguem se preocupar com as outras pessoas, se interessam pelos problemas dos outros, são sensíveis, magnânimas e solidárias. Embora estejam no rol das raras exceções, estas pessoas são mais felizes do que aquelas que só se preocupam com o seu próprio bolso, em suma, com os seus interesses egoístas.
E assim caminha a raça humana...
*Da Seleção de melhores crônicas do autor.
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