O Câncer: O Flagelo sem foco governamental

Por: Arimar Souza de Sá
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Por: Arimar Souza de Sá
O câncer, pelo que se sabe hoje, é resultado de mutações genéticas, que causam o crescimento desordenado das células – e invade, de forma devastadora, por um processo de metástase, os tecidos do corpo. Logo, é de se admitir que essa doença sempre existiu, desde remotos tempos, atacando os seres humanos.

O registro mais importante nasce com Hipócrates, o pai da Medicina, ao cunhar a palavra câncer, tendo usado os termos “carcinos” e “carcinoma”, para descrever certos tipos de tumores.

Mas foi Cláudio Galeno, (119 a 199 D.C.) médico romano, que se aprofundou no estudo da patologia, e pelo menos durante 1.000 anos seu trabalho foi referência no tratamento dessa doença.

Os avanços da Medicina Ortomolecular, descoberta nos anos 60, apesar de ainda não ter regulamentação específica e mais completa, permitiram compreender o câncer a partir das alterações no material genético de suas células.

No campo curativo, hoje a medicina tem alcançado significativos avanços, principalmente com a aplicação de quimioterapia e radioterapia. Contudo, até agora, não se chegou à conclusão de como debelar o mal no nascedouro. E o pior, é que por conta disso, esta desgraça acabou se transformando no carro-chefe dos grandes laboratórios, o que permite dizer que, pela ótica da ganância do poderoso cartel da indústria farmacêutica, o câncer jamais terá cura.

Não obstante os pesquisadores no mundo inteiro se empenharem, com vistas a minimizar os efeitos do flagelo, o câncer diariamente vai dizimando vidas e tirando de nosso convívio, de forma abrupta, pessoas queridas.

Quem vê de longe imagina que, em termos práticos, após detectar-se a doença, o tratamento consiste apenas em extirpar o tumor, através de procedimentos cirúrgicos, e aplica-se a quimioterapia e/ou radioterapia na seqüência, com vistas a eliminar as células cancerígenas remanescentes.

A questão é de natureza complexa, e os oncologistas é que são os médicos responsáveis pelo tratamento. Embrenhar-me nesta seara no afã de explicar o fenômeno, escapa em largo, alto e profundo, a percepção jornalística do cronista.

Essas digressões preliminares, no entanto, tiveram apenas o objetivo de alardear a gravíssima situação que o Estado enfrenta, sem conta das autoridades, enquanto a incidência do mal alcança no cotidiano níveis assustadores e insuportáveis.

De pronto, como exemplo dessa tragédia, o Hospital de Barretos, em São Paulo, abriu filial em Porto Velho, para ajudar o povo de Rondônia – o conhecido Hospital de Amor Amazônia, porta aberta de esperança para a população pobre alcançada pela doença. Vale lembrar, mais uma vez, que todo esforço é no sentido curativo.

Por que não há em Rondônia – o terceiro Estado em incidência de câncer na região norte do País – um instituto de pesquisa oncológica que opere, de forma preventiva, com vistas a identificar as causas da alarmante incidência desse mal por estas bandas? Fica a pergunta.

Isoladamente, é bom que se torne público que o professor Carlos Alberto Paraguassu Chaves, filho desta terra, pós-doutorado em Ciências da Saúde, autor de mais de 24 livros científicos, debruça-se diariamente, nos últimos de vinte anos, em uma pesquisa científica para identificar as causas de tanto câncer em Rondônia.

Neste esforço diuturno, ele conseguiu detectar alguns vetores de mutação das células, como a acidez da água, os maus hábitos dos portovelhenses, a ração e os antibióticos usados na criação de peixes e bovinos, entre outros. O trabalho é sério e muito bem fundamentado.

Na verdade, Porto Velho representa o lado negro da situação nacional. Enquanto o Plano Piloto de Brasília tem 100% de esgoto urbano, Porto Velho ainda convive com esgoto a céu aberto, uma excrescência em termos de saúde pública, que pode estar também contribuindo na formação de tumores, sobretudo estomacais. Não é sem motivo que existem esquinas com até três farmácias!

Paraguassu, o insigne rondoniense, tem se esforçado, solitário, no recesso de seu laboratório, em sua pesquisa das causas dessa tragédia, mas por incrível que pareça, não encontrou até hoje amparo Governamental para tocar seu projeto, sob a alegação primária, primata, selvagem e insensível, de que a Fundação de Amparo à Pesquisa de Rondônia – FAPERO, tem um orçamento curto e “não tem foco para este assunto”...

Uma vergonha – e essa gente “tapada” -- nem pede desculpas!

A questão é séria, e das mais delicadas. A cada dez pessoas, seis têm um parente que vive com a doença, conforme a doutora Luciana Holtz, presidente do instituto Oncovida, de Brasília. O próprio instituto informa, também, que há muito desconhecimento sobre as reais causas do câncer.

Ora, enquanto as autoridades dormem no berço da inércia e o mal vem que vem como um carrasco, destruindo vidas, é impositivo que se modifique a estarrecedora e vergonhosa percepção de que o órgão formulador de pesquisas “não tenha foco”, nem recursos para enfrentar esse dilema de tantas famílias.

Diante do descaso, reagir é preciso!

Vamos então nos alinhar, pelas redes sociais, ao esforço do doutor Paraguassu, e cobrar do senhor governador que pelo menos o receba, e se interesse em conhecer sua pesquisa, feita com dedicado labor científico e, a partir dela, possa elaborar ações preventivas de governo a fim de surpreender o mal ainda no nascedouro.

Por enquanto, sem muito a fazer, abracemos os nossos doentes, com o calor dos nossos corações, e enviemos a eles a força que nos for capaz.

Senhor Governador, a palavra está com Vossa Excelência.


Alea jacta est. – AMÉM!
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