Coluna Almanaque: DESABAFO

Por Fábio Marques
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O Mamoré
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 Por Fábio Marques

Há mais de trinta dias sem nenhum centavo na carteira, a primeira coisa que o poeta pode constatar foi que quando a falta de dinheiro entra pela porta da frente, aquilo que parecia amor escapa pela porta dos fundos. Sem o carinho da esposa, sem o sorriso dos filhos e a simpatia dos amigos, por mais incrível que possa parecer, por mais absurdo dos absurdos, naquele instante em que não tinha mais nada, descobriu que tinha tudo.
Nascido sob as bênçãos da igreja e da religião, só depois de adulto e rompido com o contrato social foi que teve coragem de mandar igreja e religião para os quintos dos infernos. Mas grandes merdas! A convenção vigente continua uma esculhambação só e neste mundo de “meu Deus” a corda só rebenta do lado do mais fudido. Então o único jeito era aceitar este mundo e suas hipocrisias, porque afinal este era o seu mundo.
Não tinha muita coisa na vida. A sua casa não era lá grande coisa se for para comparar com as casas de cachorros de alguns bacanas da cidade. Mas ainda era seu último recesso. Era no recesso de seu casebre que chorava suas angústias. Era no recesso de seu barraco que penava para procurar as palavras certas a fim de melhorar aquele artigo. Era no recesso de seu cortiço que buscava viajar para dentro de si mesmo a fim de encontrar um pouquinho que quer que seja de paz interior. Era no recesso de sua caverna que buscava a verdade ao se encharcar de Nietzsche, Proudhon, Thoreau, Habermas e cerveja.
Há algum tempo corrido passara pelo vexame de estar a frente das barras do Tribunal para prestar posição sobre fatos motivados por causas pessoais, por inveja e por despeita. Um cidadão o acusava de tê-lo chamado de vagabundo. Apareceu na audiência. O cidadão, como um rato, preferiu não encarar o debate. Estando lá se apresentou: - Negócio seguinte, doutor: quem pergunta e quem responde? Quem tá julgando e quem tá sendo julgado? Quem ocupa o Poder e quem está diante do Poder? Então se existe algum vagabundo aqui, este sou eu. E sem querer questionar parâmetros entre justiça de fato e justiça de direito, tem culpa eu?
Mas já tivera alegrias na vida. Há quatrocentas cervejas atrás se envolveu com prostituta. Aliás, prostituta não. Puta mesmo. Prostituta são mulheres da vida, sofridas, mas de bom coração. Puta são aquelas que se dizem muito bem casadas, mas que fazem coisas que deixariam Satanás morto de vergonha. E a coisa rolava sem jogos de espelhos, sem fundo musical, sem caralho adicional nenhum. Sexo e nada mais. Um dia ela confessou: - Olha, fiquei contigo porque não conseguia mais aguentar aquela situação. Todas as noites eu sonhava que você estava me comendo.
Agora havia séculos que deixara de contagiar corações. Todo mundo possui demônios na cabeça. Não obstante, em seus últimos dias buscava viver sem pedras no caminho cumprindo apenas seus deveres.
Às vezes até sem exigir seus direitos...
*O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Mamoré não tem responsabilidade legal pela "opinião", que é exclusiva do autor.

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