Coluna Almanaque: ENTRE A LOUCURA E A RAZÃO

Por Fábio Marques
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 Por Fábio Marques

Apesar de todas as porradas e rasteiras que lhes foram impostas no decorrer de sua passagem por este planeta, o poeta teimava em ir levando sua vidinha medíocre, a beber suas cervejas no boteco da esquina, a ler tudo quanto é tipo de revista que os amigos lhe conseguiam e a escrever contra tudo quanto é tipo de governo.
Há algum tempo uma relações-públicas da prefeitura, ao fazer elogios à sua técnica de redação, disse que não fazia matérias e sim poesias. Agradeceu mas ao mesmo tempo ficou puto consigo mesmo. Estava fazendo tudo errado. Não queria fazer novelas. Queria fazer matérias e não romances. O público quer notícias objetivas, diretas.
Escrever matérias não é difícil. É só passar para o papel as seis perguntas básicas do jornalismo: O quê, quem, quando, onde, como e por quê. O texto, uma vez enxuto é mais ou menos assim: “Morto de bêbado e de ciúmes (como e por que), Roberval de tal (quem), morador da Avenida Capitão Alípio (onde), meteu a peixeira (o quê) na madrugada de sábado (quando) em sua esposa Leidiane de tal (quem), que acabara de chegar do Clube Forró Forrado onde passara a noite. Vizinhos chamaram a Polícia que flagranteou Roberval e o conduziu para a cadeia”.
Portanto, não é difícil. Embora também seja preciso uma excelente base de leitura a fim de dar melhor nuance para a matéria exposta. Mas apesar de estar ciente e consciente de como se deveria trabalhar uma matéria, ficava mordido por enxergar analfas que atuavam na área e se achavam “experts” no segmento fazerem dinheiro no mercado sem estarem com habilitação e qualificação para tal. Enquanto isto ocorria, o que estava ganhando com todo seu cabedal era mais à título de doação ou esmola.
Mas não estavam de todo errados. Afinal quem era o poeta? Apenas um imbecil achando que tinha alguma importância. Uma cara que nunca tomou o “simancol” que com um “pé-na-bunda” ou tapinha nas costas com Tchau e Bença, eles acabavam com sua importância, pois nada mais era que um reles fudido cujo espírito vinha sendo quebrado a cada dia que passava.
Por toda sua vida, sempre procurou o melhor caminho a ser seguido. O caminho das boas amizades, das boas conversas, das boas leituras, dos melhores prazeres. Não obstante, em toda sua vida também rastejou por uma ponte caindo aos pedaços e feitas de receios, culpas, remorsos, falta de dinheiro e na eterna procura do amor. E todas às vezes que alguma coisa dava certo em sua errática vida, sempre acontecia alguma cagada. Era sabedor que existiam várias maneiras do ser humano escapar de si mesmo. Se embriagar, fumar maconha, cheirar pó, dar um tiro na cabeça e por último, através da leitura.
Por enquanto ainda mantinha sua eterna paixão pelo léxico da gramática e da cultura. Ou seja, pelos prazeres da leitura e da companhia dos bons autores. Só não estava sabendo até quando estes comparsas de solidão iriam lhe aguentar.
*O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Mamoré não tem responsabilidade legal pela "opinião", que é exclusiva do autor.

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