HISTÓRIA E TRADIÇÕES: Professores da Unir lançam livro com narrativas orais do povo Moré, da Bolívia

“O grupo Moré foi contatado nos anos de 1930 e submetido inicialmente à administração de um agente do Estado Nacional Boliviano".
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O Mamoré
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Lançado recentemente e fruto de pesquisas acadêmicas realizadas por pesquisadores da Universidade Federal de Rondônia (UNIR)  o livro “Pequena história colonial e narrativas orais do povo Moré da Bolívia” é um registro histórico da língua, contos, história e cultura do povo Moré, ou Itenez. Os autores são a professora Geralda de Lima Vitor Angenot, docente do curso de Letras do campus de Guajará-Mirim, e o professor Dante Ribeiro da Fonseca, docente do curso de História do campus de Porto Velho. 

A obra registra a história, tradições, aspectos da língua e da cultura do povo Moré a partir dos relatos do ancião Towa Saé Paray, captados desde 1994, em Guajará-Mirim. Conforme explica a autora Geralda Angenot, Towa, mais conhecido como Dom Manuel, era um ancião do povo Moré considerado pela comunidade como o detentor da memória coletiva da língua e da cultura Moré, por isso possuía autoridade para relatar as histórias narradas no livro.

Segundo a professora, Towa era um homem bastante inteligente, amoroso, respeitoso, que se orgulhava das tradições e história do seu povo. “Sua luta interior consistia, primeiramente, em buscar meios para registrar a cultura e história do povo Moré. Acreditava ser a atitude certa e insistia em contribuir compartilhando seus conhecimentos, o que fazia com muito prazer e paciência”, diz a professora, explicando que o outro dilema do ancião era a “luta” com seus ancestrais em seus sonhos, que para Towa não eram sonhos, e sim realidade. 

“Ele contava que seus antepassados vinham à noite irritados e brigavam com ele, e o questionavam e o derrubavam da cama. Perguntavam: - ‘O que fazes aqui? Por que ensina nossos segredos a esses brancos? Eles são nossos inimigos. Volte para Monte Azul’. E ele respondia que não poderia morrer e levar consigo toda cultura tradicional do grupo Moré. Que tinha o dever de passar aos jovens Moré, ou a outros que desejassem aprender”, lembra Geralda Angenot. 

Foi a pedido de Towa que os pesquisadores começaram a registrar suas narrativas de mitos, contos, lendas e relatos de vida. Porém não havia, naquele momento, um projeto para trabalhar a literatura oral Moré, e os pesquisadores apenas faziam o registro pensando em documentar e guardar a memória desse povo tradicional. 

Baseado nas memórias do ancião, o livro é divido em duas partes. A primeira consiste em um estudo sobre a história do contato dos grupos Moré, ou itenez, com a sociedade colonial, e a segunda parte apresenta as narrativas orais do povo Moré: mitos, contos, lendas e relatos. Na primeira parte da obra o objetivo dos autores foi “fornecer ao leitor uma perspectiva histórica da dinâmica secular do contato dos Moré com o Mundo Colonial, que é socialmente diferente do mundo nativo e que se institui e inicia a expandir-se com a conquista europeia”, disse o professor Dante Fonseca explicando que tal contato foi realizado ao longo dos séculos de colonização espanhola na região de Mojos e Chiquitos, na Bolívia. 

“O grupo Moré foi contatado nos anos de 1930 e submetido inicialmente à administração de um agente do Estado Nacional Boliviano. Desse contato, graves consequências advieram, de uma maneira geral, com a perda de grande parte do seu modo de viver originário, costumes e língua”, afirma o professor. 

As narrativas orais presentes na segunda parte do livro apresentam “os resquícios de elementos da cultura tradicional Moré ainda existentes na memória de alguns de seus membros mais velhos, após experiência de décadas em contato com o colonizador. Vale dizer, memórias dos seus contos e lendas tradicionais, embora já muito misturados e ‘contaminados’ pela experiência neocolonial, assim como aquilo que restou de sua língua original”, disse Dante. 

O professor conclui afirmando que o lançamento do livro é motivo de alegria para os autores, primeiro por disponibilizar essas histórias, e segundo por ter ajudado a realizar o sonho de Towa Saé Paray. Para ele a obra se constitui em “mais uma tentativa de legar à posteridade Moré e boliviana, podemos mesmo dizer humana, porque sempre há algo de universal no particular dos povos, alguns fragmentos da memória de seu povo nas lembranças de Towa Saé Paray, ou Dom Manuel. É também um tributo à sua memória de luta e persistência”. 

Fonte: Comunicação UNIR

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