Coluna Almanaque: NA IDADE DA PEDRA LASCADA

Por Fábio Marques
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Por Fábio Marques

Primeiro é preciso ressaltar uma coisa: Toda a população de Guajará-Mirim tem orgulho da elite pioneira da cidade, aguerridos mascates, lojistas e donos de seringais que na cara e na coragem fizeram sua própria história. Passado o confete inicial, também é preciso que se acentue que hoje a antiga elite social é ultra-arcaica. Isto não é novidade. Aliás, é a primeira coisa que constata o turista que por aqui aporta e visita o centro comercial da cidade.
A elite pioneira da cidade preferiu não arriscar no comércio, haja vista o montante de edifícios comerciais ao total abandono. Não é uma crítica. É uma percepção das coisas. Estamos ainda na idade da Pedra Lascada no que se refere aos tempos modernos em relação à comércio, tecnologia e antevisão futura. À esta “idade da Pedra Lascada” é que devemos atribuir todo o nosso atraso e toda a nossa miséria social.
No decorrer da história da cidade, a população cometeu equívocos que custaram caro. Por décadas a fio o povo de Guajará-Mirim submeteu-se às rédeas da chamada elite social. Talvez por acharem que pelo poder de finanças e pela maneira burguesa de viverem fulanos e sicranos, o povaréu jamais poderia se contrapor ao “status quo” lá deles. Por outro lado, esta elite, sabendo que o povo se acanhava somente pelo fato de estarem em sua presença, procurou confinar ao máximo a ignorância da plebe ignara a fim de que esta multidão não buscasse maior igualdade e justiça entre os seres humanos.
Por este motivo é que Guajará-Mirim nunca foi uma cidade de direitos iguais. Guajará é ainda hoje uma mística aldeia em que dominam poucas famílias que, por estarem em sua maioria falidas, estão se juntando à outros conjuntos sociais com o objetivo de manterem a atuação do império medieval. E sempre se compondo com o poder. Esteja nas mãos de quem estiver.
Nascido e vivido aqui há mais de cinquenta anos, não consigo enxergar melhoras efetivas na vida da cidade. Não consigo ver o povo melhor. Melhorou no quê? Saúde? Ainda temos que transportar pacientes para a capital. Educação? Somos obrigados a exportar nossos filhos para fora da cidade a fim de que concluam seus estudos e prossigam carreira. Transporte? Apesar da expansão da área física da cidade, não temos uma linha sequer de ônibus coletivo. Saneamento? É sabido que somente a área central da cidade possui sistema de esgoto. E esgoto este que derrama seus detritos nas águas do Rio Mamoré, servindo de comida para os pescados dos quais se alimentam famílias e famílias.
Vocês muitas vezes acham que exagero em minhas críticas para com este estado de coisas e que eu deveria parar de “atacar” os responsáveis pela desgraça da cidade. Infelizmente para mim não é possível alternar minha maneira de escrever somente para agradar fulanos ou sicranos. Explico: no dia em que minha indignação não se refletir naquilo que realmente gostaria de falar, estarei morto como ser humano, embora ainda vivo como um covarde.
*O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Mamoré não tem responsabilidade legal pela "opinião", que é exclusiva do autor.
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