"Causos e Crônicas do Berço do Madeira e da Pérola do Mamoré": A VIDA COMO ELA É....

Por Simon O. dos Santos
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O Mamoré
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Saimon Santos

 Foi um crime bárbaro. Os golpes e gritos dilaceraram o amanhecer de domingo de toda uma cidade, perplexa com a notícia do cruel assassinato da jovem, cujas vísceras ficaram expostas na folhagem úmida do macaxeiral.

Os moradores das redondezas escutaram os suplicantes pedidos de socorro, à medida que também ouviam as estocadas da peixeira perfurando músculos, órgãos, artérias e tendões da vítima de incompletos dezesseis anos.

Filha única de uma família de imigrantes que chegou em Nova Mamoré no alvorecer do ciclo da Madeira e se abrigou em um dos casebres que compunham o cenário do pátio da serraria localizada na entrada da Linha D.  

O pai fora imediatamente contratado e passou a trabalhar descascando as toras de madeiras, para serem desdobradas em tábuas, vigas, pranchas e caixilhos pelos dentes pontiagudos e retilíneos das serras da engrenagem.

A mãe, como doméstica na residência do proprietário, também construída no pátio da própria madeireira. A filha permanecia em casa boa parte do tempo, ausentando-se apenas para frequentar a escola nas proximidades do Igarapé Mangueira e a igreja aos domingos pela manhã, sempre acompanhada dos pais.

Naquela manhã, a filha não fora encontrada em seus aposentos. A mãe, pensou que ela estivesse perambulando pelo pátio da serraria, e não tardaria, pois, a hora do compromisso dominical já se aproximava.

O pai ainda estava no quarto quando ouviu o barulho de um carro em alta velocidade adentrar pelo pátio da serraria e estacionar bruscamente defronte   sua residência. Era o seu patrão, esbaforido, chamando-o com a voz trêmula e o semblante alvacento como as tábuas de sucupira branca de sua madeireira.

Não é possível, dizia um pai enlouquecido. A mãe, emudecida, definhou até transformar-se em gravetos, sentada na poeira da saudade do pátio da serraria, onde fortes redemoinhos se formavam durante o sol escaldante e cinzento de agosto.

O proprietário e sua religiosa esposa, consternados, se encarregaram do todos os paramentos mortuários da jovem. Ainda perplexa a cidade acompanhou o silencioso cortejo, molhado por um inesperado dilúvio, cujas águas lavaram as mãos sujas de sangue daquele homem, e escorreram para o interior da sepultura da jovem grávida do primeiro filho.

Autor: Simon O. dos Santos








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