Por Fábio Marques
Causou alvoroço e revolta na Internet semana passada a proibição por
parte do Corpo de Bombeiros, do show musical que a Banda Cover vinha
fazendo nos finais de semana em frente ao Museu Municipal. A depender
dos humores do Comando da instituição, parece que o capítulo “Música de
Quinta” que ocorria já alguns anos nas épocas de férias naquele espaço,
está suspenso.
De acordo com os informes, no epílogo desta sinistra
novela, algumas cobranças absurdas foram impostas para que o evento
pudesse ser levado adiante, tais como a exigência de um técnico de som e
de um eletricista. Ora, técnico de som o conjunto musical possui, e que
por um acaso também sabe distinguir as correntes e voltagens elétricas.
Numa cidade tão precária de eventos, o excesso de zelo por parte do
Comando de Bombeiros pareceu mais como uma afronta à cultura, à tradição
e aos costumes.
Portanto a partir de agora, quem quiser apreciar
projetos culturais desta grandeza e formato na cidade de Guajará-Mirim,
somente poderão fazê-los em casa através do computador ou do celular de
forma virtual, sem compartir sua alegria e prazer espiritual com as
pessoas do convívio social.
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Os músicos da cidade já
estão passando por momentos difíceis pela falta de eventos culturais, aí
quando aparece uma novidade, uma ocasião para descolar uns trocados
através de apoios culturais e patrocínios, logo também aparecem os
eternos atalaias da repressão para opor obstáculos.
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Aqui está podendo tudo. Aqui se reprime a cultura, a música, o lazer e o
entretenimento como valores do espírito. Quando não é o Corpo de
Bombeiros, é a Polícia Ambiental, o Ibama ou a Polícia Federal que
resolvem obstruir o progresso de Guajará-Mirim e intervir na cultura da
população. Acabaram com as festas juninas nas escolas, ninguém pode mais
apreciar a culinária regional à base de animais silvestres (paca ou
queixada, por exemplo) e “galinhas d’água” (tracajás), acabaram com as
músicas ambientes nos barzinhos e com o comércio formiga do qual
sobrevivem los “pueblos hermanos”. O que dá para entender é que para
estas instituições, todos os guajaramirenses são culpados até que se
prove o contrário.
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O paradoxal nesta história é que
eventos privados que objetivam lucros privados para empresas privadas
como os que estão ocorrendo no Espaço Multi-Eventos que, diga-se de
passagem, é um local público que construiu o Governo do Estado com
dinheiro público, e que portanto, deveria ser de utilização aberta ao
público, está podendo. Dá pra entender?
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Muito
antigamente, mais ou menos nos primórdios da cidade, considerando-se os
métodos precários no que se refere à coleta do lixo, as autoridades
orientavam os moradores que incinerassem o entulho acumulado em suas
residências. Hoje, apesar de termos uma coleta de lixo mais ou menos
regular, é fato notório observar que este costume medieval atravessou os
anos e parece influenciar parcelas da população. Basta que qualquer um
dê um passeio no final da tarde ou à noitinha pelos bairros da cidade
para sentir in loco o impacto ambiental causado pela fumaça oriunda das
fogueiras que alguns concidadãos insistem em fazer nos quintais de suas
casas. É preciso que as autoridades ambientais (Aí sim, está valendo)
tomem as medidas precisas no sentido de que atitudes arcaicas como essas
sejam abandonadas pelos discípulos de Nero, antes que todos morramos
por asfixia.
Coluna Almanaque - O SHOW JÁ TERMINOU
Por Fábio Marques
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agosto 04, 2016
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