Lixo é despejado à noite e é arrastado pela correnteza do rio Mamoré, segundo moradores |
O despejo irregular de lixo e animais mortos em vários pontos da margem
do Rio Mamoré tem causado revolta e preocupação aos moradores dos
bairros Almirante Tamandaré e Cristo Rei, em Guajará-Mirim (RO), a 330 quilômetros de Porto Velho.
Segundo os moradores, os resíduos são despejados à noite e é comum
caírem na correnteza e serem arrastados para outras localidades,
prejudicando os ribeirinhos que utilizam a água do rio para tarefas
domésticas e consumo próprio.
Após receber várias denúncias anônimas nesta semana, a Polícia Militar
Ambiental encontrou diversos pontos das margens do Mamoré poluídos. Um
dos pontos está situado no Bairro Almirante Tamandaré, em um local
conhecido popularmente como 'Lage de Pedras'. Ninguém foi preso.
Em entrevista, o
pedreiro João Cardozo disse que constantemente vê pessoas jogando os
resíduos em carrinhos de mão, sem nenhum receio ou dificuldades, pois
não há fiscalização das autoridades competentes no local, principalmente
no período noturno.
"É uma falta de respeito com os moradores e com a própria natureza. Tem
gente que vive dessa água, que lava louça, roupa, toma banho, bebe e
até usa para cozinhar, mas as pessoas não têm consciência que estão
prejudicando outras e a si mesmas. Todo dia jogam lixo aqui e ninguém
faz nada", reclama.
De acordo com o policial ambiental Everaldo Ribeiro, uma guarnição
apurou as denúncias, mas nenhum infrator foi flagrado despejando lixo no
local. Os policiais constataram o crime ambiental através de imagens e
comunicaram o fato através de um boletim de ocorrência na Delegacia
Regional de Polícia Civil.
"Foi solicitado que a Polícia Civil faça uma perícia para constatar que
o local é inadequado para o depósito de lixo. O município tem um
serviço de coleta, caso o morador tenha bastante lixo para despejar, que
contrate um carro de frete para conduzir até o lixão, pois lá é o local
correto para jogar lixo", diz o policial.
Carcaças de bichos, garrafas pet e outros materiais plásticos são os
objetos mais comuns encontrados nas fiscalizações. Everaldo comentou
também sobre os riscos ambientais causados pela poluição do solo e da
água, e que a corporação vai intensificar as fiscalizações para inibir
essa prática.
"A flora e a fauna aquática são prejudicadas diretamente, além das
pessoas que não tem poço e usam a água do rio, isso acaba afetando a
saúde deles também. Ano passado recebemos um relato de um pescador que
pescou um peixe grande que estava com uma garrafa plástica no estômago. É
crime ambiental e se alguém for flagrado jogando lixo durante
patrulhamento será conduzido à delegacia, podendo responder
criminalmente por isso e também pagar multa", explica.
Fonte: G1.