CRÔNICAS GUAJARAMIRENSES: Alguém na minha lista de whatssap

Paulo Saldanha
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O Mamoré
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Embora comovido, não deletei alguns nomes queridos na lista do meu celular, lamentando a perda do meu dileto companheiro em face da viagem para o andar de cima…

Milagres pouco acontecem nos dias de hoje, mas ninguém ainda me telefonou ou mandou mensagens do mundo astral…

Quando – nem saberemos a hora – uns deleterão o meu nome na lista dos seus amigos mais fiéis…

E eu, do signo de Touro, teimoso até danar, venho me recusando a deletar da minha “algibeira mental”, ou da “pochete sentimental”, os nomes das pessoas por quem sempre nutrirei carinho e gratidão.

Amigos são assim: deixam marcas! Na escola, no trabalho, na universidade, nos identificamos com uns com outros e eles permanecem na memória e no coração, ainda que nos afastemos geograficamente.

Numa época em que as cartas nos uniam, na troca delas nos aproximávamos. Depois, através do telefone fixo se matavam as saudades encruadas nos peitos; vieram o telex, o fax e, agora, o celular; mais recentemente, via telemóvel, o WhatsApp nos chega de mansinho, como quem chega do nada, e explodem as emoções, risadas, fotos, notícias, informações, enfim, mensagens sérias e debochadas.

Quantos relatos, narrativas, músicas, fotografias, filosofias, descrições, gravuras recebemos de velhos companheiros e de amigos recém conquistados.

Mas a vida, subvertedora dos sonhos sonhados por mim, nos quais desejo eternizar minhas relações como se fosse viver para sempre, jamais me concederá a certeza da expectativa de que amanhã estarei vivo para merecer exteriorizar risos e alegrias sob a forma de correspondência virtual trocada, ao tempo que poderá neutralizar esses meus devaneios ante a imprevisibilidade do futuro, de que esses ganhos por parte dos que me são tão caros poderei não contar nos instantes seguintes; e estes, por seu turno, correm o mesmo risco de me retirar da sua lista, e eu de “riscar” os seus nomes dentre os meus contatos.

Tudo isso ante a inexorabilidade e da tenuidade da nossa existência sempre tão falaz; porque a vida, na dimensão do tempo, é ilusão! E nunca será um conto de fadas!

Perder um amigo ou um parente querido é pancada das mais fortes! E, ante o vazio que passa a nos envolver, fica a dúvida: será que lá no novo horizonte espiritual que o abrigará ele sentirá as saudades que deixou?

Autor: Paulo Saldanha
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