Por Fábio Marques
Uma vez mais dada a cruzada evangélica Brasil afora através de marchas para Jesus, shows de cantores gospels, palestras de pastores que procuram converter pela pregação com cores de lavagem cerebral, pessoas sem miolos pensantes, de suas crenças sobrenaturais, é chegada a hora de alguém livre de crendices e “rezas-brabas” falar algo a respeito deste sinistro que em pleno século 21 parece querer refazer mais uma época da caça às bruxas.
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Para quem está boiando, a época da caça às bruxas foi o período mais obscuro da história mundial. Foram pelo menos mil anos de atraso, medo e ignorância sob sustento da igreja que foi responsável por matanças e genocídios, assim como também perseguiu e condenou à fogueira muita gente boa como filósofos e cientistas que ousaram estar a frente de seus tempos e questionar o universo pelas leis da razão e não das fantasias bíblicas. Esta época, chamada Idade das Trevas só teve fim com a chegada do iluminismo, cuja maior conquista foi exatamente libertar a mente humana da submissão aos dogmas impostos pelas igrejas.
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Ainda assim, nestes tempos ditos modernos afloram eventos que querem impor goela-abaixo suas doutrinas como verdade absoluta, prova cabal que a religião representa uma forma de repressão. Um cara reúne uma porrada de gente pobre de espírito para explicar a bíblia, uma calhamaço muito mal escrito, pois se fosse bem escrito todo mundo entendia e só iria existir uma só religião. Este escriba por exemplo, há tempos acabou passando os maiores aperreios para poder acatar os dez mandamentos. Agora imagine saber se em Jeremias, Isaías ou Eclesiastes, quem é que ta com a verdade. Pra falar a verdade, não tenho simpatia por nenhuma igreja.
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Na minha honesta opinião, nenhum ser humano deveria freqüentar igreja alguma para poder acreditar em Deus. Igreja é institucional e como tal funciona como instituição. E como instituição, formula métodos de adorar um Deus que ela mesma definiu. É preciso entender que a religião não deveria ser mediada em hipótese alguma por aqueles que se auto-professam porta-vozes da palavra de Deus. Desde que exista religião, ela deveria ficar restrita de forma direta entre Deus e o cidadão, sem o meio-de-campo das igrejas.
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Agora eis o eterno problema: o ser humano – e isto inclui a maioria dos cidadãos – está sempre à procura de ilusões. E é por estes acasos que a ciência, apesar de todos os avanços, jamais vai liquidar de vez com a religião ou a crença em coisas invisíveis. Isto porque suas origens não estão apenas na ignorância, mas também na necessidade humana para encontrar alguma coisa que lhes dê sentido para este vale de lágrimas que não esteja calcada em equações regadas a elétrons ou números de átomos.
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Outra coisa que também jamais irei concordar: algumas pessoas chegadas numa religião, sejam crentes ou católicos, acabam faltando com respeito para com aqueles que não compartem de suas crenças quando procuram convencer pela força da coerção das suas verdades. Os tempos atuais recomendam tolerância, o que significa aceitar que o outro também tem lá suas razões, ou seja, uma outra verdade de vida.
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Ateu não é sinônimo de pessoa má, assim como crente ou católico também não é sinônimo de pessoa boa.
Coluna Almanaque: FÉ DEMAIS
Por Fábio Marques
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junho 26, 2019
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