Coluna Almanaque: SOBRE HOMENS MEDÍOCRES E VIDAS VAZIAS

Por Fábio Marques
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O Mamoré
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Por Fábio Marques
Segundo Montesquieu, o homem se torna cidadão vivendo e agindo como cidadão de acordo com as normas de conduta, sob o império de boas leis e num espaço de virtude cívica. Sem estas normas e sem este espaço, este homem jamais chegará a ser cidadão, pois regrediu à condição de brucutu, animal com um cérebro, mas que não sabe fazer uso de seus miolos.
Já fazem tempos que o ser humano deixou de ser prezado e louvado pelas suas qualidades inerentes à condição humana, mas sim pela sua habilidade em fazer dinheiro e alcançar o poder. Partindo da premissa de que qualquer ato que se realize sem o objetivo de finanças é burrice ou doença mental, palavras como honra, ética e moral só faz sentido quando associadas ao lucro e à bens capitais. Este é o moto perpetuo dos escravos do dinheiro.
Na cabeça destes escrotos, suas vidas são um mercado e seus desejos, um produto no balcão de negócios. Seus cérebros de merda têm que estar voltados para o lucro, pois apenas desta forma suas vidas tem sentido. Por isso esforçam-se para ter muitos amigos no high society, lhes convidam para jantares em suas casas na intenção de que também os convidem e anseiam ao máximo um dia fazerem carícias nos pelos púbicos do Poder Público. Caso contrário, de acordo com seus modos de avaliar a vida humana, serão um fracasso como pessoas.
Uma coisa que atrapalha minha vida é essa mania de ser honesto, de pocurar praticar sempre o bem e melhorar como ser humano todos os dias. São coisas que meu saudoso pai incutiu na minha cabeça e coisas as quais não consigo livrar-me. Talvez seja por estas coisas que não possuo porra nenhuma na vida.
Por outro lado, também não consigo ter inveja de pessoas que parecem ter múltiplos orgasmos com coisas fúteis as quais endeusam, tais como casas palaciais, fazendas, lanchas náuticas, Mercedes-Benz, empresas e dinheiro. Também não tenho inveja da vida boa que tem levado os ladrões, safados, pilantras e sem-vergonhas que entram e saem da vida pública que transformam em privada e que a gente da imprensa, por conta das notícias, é obrigada a lembrar dos nomes destes imorais que se orgulham de suas próprias podridões.
Por enquanto este pobre escriba, um dos poucos ainda dignos na profissão, vai continuar a denunciar estes absurdos que assustam e assombram e combater os canalhas que se locupletam na podridão de suas nojeiras. Exerço este oficio pelo meu potencial e pela minha correção. O que vale pra mim é a minha consciência. Nunca fiz nada de errado na vida pública. Sou tranqüilo, durmo bem e ando de cabeça erguida, pois não devo nada à Justiça. Vivo do meu trabalho e sou grato pelo meu emprego. Quem conhece minhas origens sabe que o caráter que possuo devo ao meu saudoso pai que sempre me ensinou a ser honesto. Falar de mim é fácil, difícil é ser como eu.
Portanto, enquanto não me matarem de morte matada, de ódio ou depressão, estarei na trincheira contrária aos podres poderes. Ou até que os tapurus se engasguem com as fétidas vísceras e restos mortais de todos os patifes de plantão.
* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Mamoré não tem responsabilidade legal pela "opinião", que é exclusiva do autor.
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