Projeto Cine-IFROrabalha cinema como campo de reflexão e criticidade

Além das obras exibidas, professores, pesquisadores e artistas, são mediadores e debatedores das temáticas vinculadas às obras cinematográficas.
Compartilhe no WhatsApp
O Mamoré
Por -
0
Desde o mês de agosto de 2019 o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Guajará-Mirim, vem desenvolvendo um projeto de pesquisa e extensão intitulado “Cine-IFRO”.  Em dezembro, o projeto contou com sua última sessão em 2019, e de acordo com os coordenadores, a proposta seguirá até junho de 2020.
O projeto se caracteriza em exibições de produções cinematográficas referentes às diversas temáticas, preferencialmente nacionais, sendo as sessões regulares numa periodicidade de 15 dias. Além das obras exibidas, profissionais de diferentes áreas (professores, pesquisadores e artistas) são mediadores e debatedores das temáticas vinculadas às obras cinematográficas.
A iniciativa é parte do Núcleo de Extensão em Produção Cultural – NEPC, aprovado pelo edital nº 14/2019/REIT – PROEX/IFRO, que visa oportunizar discussões em diferentes temáticas e áreas do conhecimento, envolvendo a comunidade acadêmica e a sociedade local com a criação de um cineclube.
Nesta perspectiva, o cinema é trabalhado como campo de afetação, reflexão, criticidade e inspiração criativo-poética-imagética, ampliando assim o conhecimento, produção em arte e integração com a sociedade potencializando outros modos de ver e suas relações com o mundo e seu entorno.
A pedagoga do Campus Guajará-Mirim, Fernanda Léa Batista Souza Estevão, considera que o Cine-IFRO é uma ferramenta fantástica para a abordagem de temáticas importantes para o meio escolar, que por falta de espaço no currículo não são abordadas em sala de aula. “Ao mediar as conversas sobre o filme ‘Grito de socorro’ que retrata uma situação de bullying na escola e as consequências para a vida dos envolvidos foi possível verificar o impacto das informações nos rostinhos dos que estavam ali presentes. Foi um momento de reflexão sobre as posturas, maneiras de se relacionar, perceber e enxergar o outro”, comentou.
William Carlos Souza Trevizan, aluno do primeiro ano do Curso Técnico em Informática do turno vespertino avalia que o Cine-IFRO “[...] foi muito importante para mim, porque eu tive contato com grandes obras brasileiras e com filmes que me ensinaram muitas lições que irei levar para a vida”.
 “Penso o cinema a partir de Deleuze como uma produção no pensamento. O cinema não precisa de alguém para pensar, por si só ele é uma arma de criação de um novo olhar para a vida e suas demandas. Sendo assim, lanço mão da seguinte inquirição: o que o CINE-IFRO tem movido? Seria apenas o olhar? Como participante-colaborador do projeto, não apenas movimentei o olhar; peguei, pisei, senti, respirei - sempre algo novo, era um retorno, do diferente, em todas as sessões, uma janela aberta para experimentar outros modos de vida, uma armadilha que nos seduz, através de palavras-imagens”, detalha o Técnico em Assuntos Educacionais e também membro e colaborador do projeto, Carlos Augusto Silva e Silva.
Sessões
As temáticas trabalhadas até a 6ª edição foram referentes a questões de gênero/sexualidade, étnicas, diversidade, racismo e preconceito. A primeira edição foi em comemoração ao Dia do Estudante sendo realizada no dia 30 de agosto com o documentário "Primavera Secundarista" que mostra os acontecimentos do manifesto secundarista na visão dos manifestantes. Após o curta-metragem houve a mediação feita pelos alunos do Campus Guajará-Mirim: Cássio Barboza e João Guilherme e teve como foco a importância do documentário e o assunto retratado. Foram também dadas opiniões sobre a manifestação e o importante papel do estudante na sociedade.
A segunda edição trabalhou com o documentário “Eu Maior” e teve como mediadora a professora Elisabete Ferraz Sanches do Campus Guajará-Mirim. Os públicos-alvo foram os alunos da EJA e comunidade externa. A terceira edição exibiu o curta "O silêncio dos homens" dialogando com os participantes do projeto de ensino/extensão “Quem Ama não Bate” coordenado pela prof.ª de sociologia Maria das Graças Freitas de Almeida. Esta edição teve como mediação a psicóloga Elainy da Silva (UNIR) e da escrivã da Delegacia de Mulheres.
 Segundo o bolsista do projeto, João Guilherme de Melo Vieira, o documentário trata de expor os malefícios da pressão imposta aos homens pela sociedade, criando assim, uma cultura de preconceito e machismo, o que acaba por ser danoso tanto para o homem quanto para as vítimas do preconceito gerado.
A quarta edição abordou o bullying e alertou sobre os danos e perigos deste hábito. A pedagoga Fernanda Léa Batista do Campus Guajará-Mirim foi a mediadora dessa edição. O debate sobre os tipos de bullying e a forma de prevenção e controle gerou momentos de comoção entre os participantes que relataram casos pessoais e de amigos próximos.
A quinta edição contemplou o longa-metragem "Macunaíma, o herói sem caráter", releitura do livro de mesmo nome de Mário de Andrade. A mediação foi realizada pelos professores Elisabete Ferraz Sanches e Wesley Borges do Campus Guajará-Mirim. A 6ª edição aconteceu com o filme “Kiriku e a Feiticeira” cuja mediação ficou sob a responsabilidade da Prof.ª Lisiane Oliveira e Lima Luiz da UNIR/Guajará-Mirim. Ambas as edições, realizadas em novembro, estão relacionadas com ações no mês da Consciência Negra e teve como público-alvo alunos dos cursos de graduação, ensino médio integrado, EJA, comunidade externa e acadêmicos do curso de Letras da UNIR.
A última ação do projeto em 2019 aconteceu no educandário “Despertar” em Guajará-Mirim envolvendo cerca de 200 crianças com o filme “Kiriku e a Feiticeira”. A mediação ficou por conta da coordenadora do projeto, professora Marcela Lima. Segundo ela, o projeto Cine-IFRO é o eixo norteador da implantação do NEPC/Campus Guajará-Mirim e terá duração até junho de 2019. Pretende-se no próximo ano, além de seguir com as sessões de cinema e suas respectivas mediações, desenvolver oficinas de imagens, ou seja, a criação de curtas e produção fotográfica dialogando com as áreas de Artes, Geografia e Literatura.
“A abordagem metodológica é de natureza fenomenológica ancorada na possibilidade de conhecer e reconhecer as múltiplas vozes que compõem posicionamentos e perspectivas variadas sobre diferentes temáticas abordadas pelos filmes exibidos e seus respectivos mediadores. Até então foi possível observar a grande contribuição do projeto não apenas na vida dos estudantes, mas também, àqueles que participam”, explicou a docente.








Fonte: Assessoria
Siga no Google News

Postar um comentário

0Comentários

Postar um comentário (0)

#buttons=(Ok, estou ciente!) #days=(20)

Nosso site usa cookies para melhorar a experiência de navegaçãoSaiba Mais
Ok, Go it!