Taxistas liberam BR Isaac Bennesby depois de seis horas de protesto em Nova Mamoré
Documento foi encaminhado ao consulado boliviano. BR foi fechada em protesto contra falta de segurança.
Bloqueio foi entre Nova Mamoré e Guajará-Mirim
Depois
de mais de seis horas fechada, a BR Engenheiro Isaac Bennesby foi
liberada às 12h10 desta segunda-feira (5) em Nova Mamoré (RO), cidade
situada a cerca de 300 quilômetros de Porto Velho. A rodovia foi
bloqueada por um grupo de aproximadamente 50 taxistas em protesto contra
furtos e roubos de veículos na região de fronteira com a Bolívia. O
congestionamento nas primeiras horas da manhã chegou a quatro
quilômetros.
A manifestação iniciou às 5h30 e, além dos taxistas de Nova Mamoré,
contou com a participação de trabalhadores da classe também de Nova
Dimensão, localizado na zona rural do município, e de Guajará-Mirim
(RO), onde rotineiramente é o ponto final da travessia de veículos
furtados e roubados para o território boliviano.
Motivação do protesto
Segundo os manifestantes, o que motivou o fechamento temporário da BR
foi um assalto a um taxista no último sábado (3). O motorista e os
passageiros foram rendidos por quatro bandidos e levados até o Distrito
do Iata (na zona rural de Guajará-Mirim) e abandonados em uma mata
fechada após serem ameaçados de morte durante três horas.
As vítimas ficaram perdidas na mata e só conseguiram pedir ajuda a um
sitiante depois de caminharem por quatro horas seguidas. A PM fez buscas
pelos suspeitos, mas ninguém foi localizado e nem o veículo roubado foi
recuperado.
O delegado regional de Polícia Civil Milton Santana disse que o caso do
roubo do táxi ocorrido no último dia 3 está sendo investigado, mas que
até o momento nenhum dos suspeitos foi identificado. Ainda segundo o
delegado, a faixa de fronteira com a Bolívia propicia e facilita este
tipo de crime, justamente pela grande extensão de área a ser
fiscalizada.
"Esta região acaba sendo o ponto final dos veículos furtados e roubados
em todo estado porque os bandidos encontram facilidade em cometer estes
atos criminosos às margens do Rio Mamoré. Vamos entrar em contato com o
consulado e discutir o que será feito em relação ao caso, pois a
informação que temos é que o táxi roubado está em território boliviano",
explica Milton.
Documento ao consulado boliviano
Segundo Fabio Braz, Chefe Substituto de Operações da Polícia Rodoviária
Federal em Rondônia, a rodovia foi liberada depois que um documento foi
encaminhado pelos taxistas ao consulado boliviano pedindo providências
para recuperar o táxi roubado no Brasil no último dia 3 de março.
A PRF também informou que o posto de fiscalização da PRF entre Guajará-Mirim e Nova Mamoré será reativado ainda este ano.
Um dos coordenadores da manifestação, Edivaldo Pereira de
Lima, de 36 anos declarou: “Resolvemos fechar a BR devido o roubo do táxi do
nosso amigo, que trabalha honestamente e tem no seu veículo o único meio
de ganhar o pão de cada dia. Queremos ainda que as nossas autoridades
olhem para nós e nos ajude. A sensação é de insegurança total, o Governo
tem que dar mais segurança para a população”.
O taxista Jenito Furtado Roca, de 45 anos, de Guajará-Mirim, integrante
de uma cooperativa de taxistas da região, foi dar apoio aos colegas.
“Este roubo poderia ter acontecido com qualquer um de nós. Estamos sendo
solidários com o colega e cobrando providências das autoridades. Nosso
carro é o nosso ganha pão, precisamos da atenção das autoridades
brasileiras e bolivianas para que esse problema de furtos e roubos seja
solucionado na nossa região”, comentou o manifestante.
Passageiros prejudicados
A ação acabou prejudicando os passageiros que pretendiam viajar até a
capital nesta manhã e foram pegos de surpresa com a interdição
temporária da rota.
A estudante Ana Carolina Vitória Santos, que cursa nutrição em Porto
Velho, diz que veio passar o final de semana com a família em
Guajará-Mirim e teve o retorno para casa atrasado por conta do
manifesto.
“Eu não sabia, fui comprar a passagem de ônibus e avisaram que a BR
estava fechada e que os taxitas estavam protestando pedindo mais
segurança, algo assim. O jeito é esperar até liberar a estrada de novo,
vou ficar na casa dos meus pais até resolverem tudo”, contou a estudante
universitária.
Outro passageiro que não pôde seguir viagem foi o turista Armando
Costa, que mora em Cacoal (RO) e veio até a fronteira para conhecer a
Bolívia e fazer compras. Com a rota fechada, o jeito foi retornar para o
hotel e pagar mais uma diária.
“Voltei porque não dava para ir. Fui na rodoviária e o rapaz que vende
passagens avisou sobre o protesto lá em Nova Mamoré. Para quem tem
compromisso e precisa viajar urgentemente isso é ruim”, diz.
Fonte: G1
