O G1
conversou com o diretor técnico da Entidade Autárquica de Assistência Técnica e
Extensão Rural do Estado de Rondônia (Emater), Anderson Kühl, para entender os
motivos da elevação dos preços.
Conforme
Anderson, a "culpa" pela alta do leite envolve uma combinação de
fatores, como o aumento do consumo em meio à pandemia e a redução na importação
do Uruguai e Argentina, o que gerou maior demanda sobre o leite brasileiro.
Por outro
lado, a produção estadual caiu com o período de estiagem em Rondônia. Com menos
chuva, a pastagem seca e o gado tem menos acesso a alimento. A consequência do
aumento do custo de produção e menos leite disponível no mercado é a pressão
sentida no preço pago pelo consumidor final.
"No
período das águas para nós aqui de Rondônia, de outubro a abril, é onde nós
concentramos o maior volume de capim em quantidade e qualidade. No período de
maio a setembro é o período onde tem uma queda de 90% na quantidade e na
qualidade. Como diminui a qualidade do capim e a quantidade ofertada dos
animais, a produtividade do animais é baixa. Porque você tem uma quantidade de
volumoso que é ingerido por dia", diz o diretor
Conforme a
Emater, as duas maiores bacias leiteiras do estado ficam na região de Jaru/Ouro
Preto do Oeste e Nova Mamoré. A maior parte dos laticínios se concentra na
região central.
Segundo o
diretor técnico, o mercado em Rondônia se baseia muito no preço dos produtos e,
por isso, no ano passado havia uma tendência de queda no número de produtores,
mas com a valorização do produto neste ano, muitos reingressaram na cadeia
produtiva.
Cerca de 70%
da produção de leite em Rondônia é transformada em queijo mussarela e abastece
os mercados de São Paulo e Amazonas. O restante é consumido internamente,
principalmente como leite fluido (caixinha ou barriga mole).
Momento bom
para o produtor?
Quem não fez
planejamento está com um custo de produção maior e não consegue aproveitar o
momento de alta nos preços pagos pelos laticínios.
"Está
sendo bom para aqueles produtores que tiveram planejamento estratégico e se
organizaram pra esse período da seca. Produziram uma silagem de milho,
armazenaram e tem o que tratar o animal, ou mesmo um capim elefante cortado,
triturado pra fornecer no coxo", explica Anderson.
Atualmente, o
preço pago pelos laticínios aos pequenos produtores está na média R$ 1,80. Até
o início do ano, o valor girava em cerca de R$ 1.
Projeções
Kühl acredita
que há a possibilidade de uma leve queda de aproximadamente 15% no preço do
leite a partir de outubro, com o início do período chuvoso e melhor oferta de
pasto. Entretanto, a normalização só deve ocorrer em janeiro.
No último dia
2 de setembro, o governo do estado publicou um decreto que aumenta a taxação de
imposto sobre o leite de outros estados e diminui a carga sobre a produção
local.
Anderson
sugere que os produtores se planejem para a próxima seca em 2021 para conseguir
aproveitar o cenário de preços melhores.
"Mais a
questão de comprar insumos estrategicamente, porque hoje se tem um milho a
quase R$ 70 o saco e esse milho já custou R$ 35 em janeiro. Então o produtor
tem que se habituar a fazer compras estratégicas, em grupo e procurar diminuir
os custos internos, da porteira pra dentro", aconselhou.
Fonte: G1
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