Ao lado da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, em
Vila Murtinho, esta instituição acompanhou o apogeu e o declínio do ciclo da borracha,
bem como, o alvorecer de um novo ciclo econômico às margens da rodovia, onde a
mata deu lugar para as promissoras lavouras dos colonos.
A
Escola Casimiro de Abreu ouviu o último apito do trem e a primeira buzina do
automóvel que transitou pela rodovia. Ouviu inúmeras vezes o badalar da Igreja
de Santa Terezinha e o primeiro badalar da Igreja São Francisco de Assis.
Silenciosamente e altaneira, ensinou os devotos de ambas as paróquias.
Alfabetizou os filhos dos
maquinistas, dos cassacos, dos seringueiros e dos seringalistas. Assim como
também ensinou as primeiras letras para os filhos dos comerciantes e dos
colonos do Projeto Integrado de Colonização Sidney Girão. Esta sábia senhora
localizada hoje no centro de Nova Mamoré, engrandece a história do Berço do
Madeira, seus ensinamentos ecoam desde a curva da ferrovia em Vila Murtinho e
nos conduz ao alvorecer de novos ciclos.
Sempre visionária e
respondendo com sabedoria aos desafios de seu tempo, a escola Casimiro de Abreu
é o “templo das ideias” mais luminoso do Berço do Madeira. Ao adentrar em suas dependências, sente-se um
palpitar diferente, pois parte de nossa história encontra-se impregnada em cada
um de seus fragmentos.
Certo dia, o professor
José de Goes Lopes Neto inquiriu aos
seus alunos sobre onde era o lugar de nascimento do rio Madeira. Do alto de sua
curiosidade pueril, a aluna Samantha Sulamita
poética e graciosamente respondeu: - “ Nasce de um abraço fraternal entre os rios Mamoré e Beni, em
Vila Murtinho, e abençoado pelas preces
da Igreja de Santa Terezinha, desliza mansamente ao encontro das águas
do Rio Amazonas”.
O
sereno professor indagou aos seus alunos mais uma vez, e agora, queria saber
onde nascia a então jovem senhora Escola Casimiro de Abreu. Samantha, mais uma vez, graciosamente, respondeu:
“Nasceu na curva da ferrovia, em Vila Murtinho, lá onde o Rio Madeira recebe as
bênçãos da Igreja de Santa Terezinha, lá onde também nasceu Nova Mamoré, o
Berço do Madeira”.
A
escola Casimiro de Abreu não é só uma instituição de ensino, é uma “entidade”,
uma “bússola” a nos conduzir desde os seringais de Vila Murtinho, até quem sabe
enfrentar os desafios da necessária integração da responsabilidade ambiental
com agricultura mecanizada, que começa a mudar paisagem de Nova Mamoré. No próximo dia 12 de outubro, a escola
Estadual Casimiro de Abreu completará 61 anos de sua criação, conforme o
Decreto nº 364/61, de 12 de outubro de 1961.
Escritor: Simon O. dos Santos – Membro da Academia Guajaramirense de Letras – AGL e autor dos livros: “ Trem das Almas e Causos e Crônicas do Berço do Madeira”.