"Causos e Crônicas do Berço do Madeira e da Pérola do Mamoré": POR QUE NOVA MAMORÉ É O “BERÇO DO MADEIRA?”

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O Mamoré
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O município de Nova Mamoré está localizado no espaço Noroeste/Norte do Estado de Rondônia, Brasil, na fronteira com a República Federativa da Bolívia, lugar este no qual há uma diminuta faixa de terra, do Departamento do Beni, um pouco mais de cinco quilômetros de extensão e mais de cinquenta quilômetros com o Departamento de Pando, numa faixa que se estende de Vila Murtinho, até defronte à desembocadura do Igarapé Taquara no rio Madeira, na divisa com o município de Porto Velho. 

Nesse lugar, onde há uma faixa de terra do Departamento do Beni, com início na desembocadura do Igarapé Lages e que percorre até Vila Murtinho, (cinco quilômetros), o que separa os dois países é o rio Mamoré. 

Esse encontro entre os dois países se dá de forma mais integral quando os rios Mamoré e Beni  se abraçam e se diluem fazendo nascer o imponente rio Madeira, de frente à  igreja de Santa Teresinha do Menino de Jesus, construída em 1946, por dom Geraldo Verdier e laureado pelo lindo pôr do sol nas tardes de Vila Murtinho. Assim, a região de Nova Mamoré é percorrida pelo rio Madeira de Vila Murtinho até o rio Taquara, um percurso com mais de cinquenta quilômetros.  

Por razões óbvias, há de se questionar o fato de Nova Mamoré receber seu nome em homenagem ao rio Mamoré que menos percorre seu território, ou seja apenas 5 km de extensão. Na época da emancipação Político-Administrativa de Nova Mamoré (1988), não sabemos o que determinou que mesmo sendo o rio Madeira a banhar mais de noventa por cento de seu território, a cidade que nasce da desativação da estrada de ferro Madeira Mamoré, do êxodo da população de Vila Murtinho recebe o nome de Nova Mamoré. 

Não seria justo o município chamar-se “Nova Madeira”, sobretudo, por ser exatamente o Berço do Madeira, ao invés de “Nova Mamoré”, que pouco representa para a história do município, e estabelece laços mais íntimos com outros municípios, como é o caso de Guajará-Mirim, justamente denominada a Pérola do Mamoré?

O município de Nova Mamoré perdeu a oportunidade de engrandecer ainda mais sua História, de rica zona produtora de borracha até meados  do século passado, entrelaçando História e Geografia e projetando-se como talvez o único município do Brasil, quiçá, do mundo, a ter o privilégio de ostentar em seu quintal uma tríade de rios majestosos, monumentais, (Mamoré, Beni e Madeira), que prodigiosamente se encontram e se enlaçam na histórica Vila Murtinho, uma das mais importantes estações ferroviárias da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, e centro nervoso de imensas terras produtoras de borracha, de onde saíam toneladas desses produtos e outras mais, de tantos outros produtos desta região fronteiriça ( drogas do sertão, Castanha do Pará, etc..).

Com exceção da Igreja de Santa Teresinha e do cemitério, hoje Vila Murtinho, pouco lembra os tempos áureos do Ciclo da Borracha, restando poucas ruínas de prédios e casas do período, todas em franca deterioração, no entanto, carrega em sua história uma alcunha de mãe de Nova Mamoré, assim, estamos ligados pelas veias da história e da memória. Nossas raízes nascem ali, junto com o rio Madeira. Nova Mamoré, filha de Vila Murtinho, foi embalada pelo Berço do Madeira e pelo último apito do trem.

 Nova Mamoré deve orgulhosamente ostentar, publicar e enaltecer a alcunha de município “Berço do Madeira”. Esse majestoso rio de águas achocolatadas, o mais importante acidente geográfico do Estado de Rondônia, que já no Período Colonial permitiu que toda essa região fosse conhecida, e onde grupos indígenas há centenas de anos já habitavam suas margens, denominando-o de Caaiari: “ Rio corajoso”. O Madeirão, como conhecido também, movimenta-se sinuosamente,  feito cobra grande em direção à margem direita do imponente rio Amazonas, após gerar energia elétrica para o País e beijar demoradamente os beradeiros e beradeiras de Porto Velho. 

Quando se pergunta: onde nasce o rio Madeira? Obviamente, a reposta será no município de Nova Mamoré, não há como  esse lugar não ser o Berço do Madeira. Essa é uma verdade absoluta, irrevogável, indiscutível, que nos define como povo beradeiro. Nossa identidade mais profunda está vinculada indelevelmente a este belíssimo acidente geográfico, “ ..é o rio mais belo que passa na nossa aldeia”, é o que dá sentido à nossa identidade primeira, diferentemente dos ciclos econômicos (borracha, ouro, madeira, pecuária, lavoura mecanizada), que são de natureza passageira e peculiares a quase todos os municípios de Rondônia e a boa parte da Região Amazônica, em sua maioria predatórios e excludentes.  

Deste modo, podemos afirmar categoricamente que Nova Mamoré deve construir nas entradas da cidade um monumento, um portal em letras garrafais, destacando orgulhosamente que é o “Berço do Madeira”. Qual outro município de Rondônia tem esse privilégio? Qual cidade do Brasil acolhe em seus umbrais e banha-se prazerosamente nas águas de três imponentes rios, dentre os quais, deita em seu berço esplêndido um rio em cujas águas achocolatadas resplandece sua altaneira História de homens e mulheres que desde tempos imemoriais  habitam o seu berço, e onde fincaram a pedra fundamental da altaneira Nova Mamoré?

Das canoas usadas pelos indígenas,  passando pelos trilhos da ferrovia, chegando hoje à pavimentação asfáltica de suas ruas e avenidas, Nova Mamoré percorreu os  mesmos passos que percorreram os desbravadores e pioneiros do alto e baixo Madeira, para afirmar-se como terra que recebeu e continua recebendo o imigrante, este sujeito que bebeu e ainda bebe a água do rio Madeira, e por isso, permanece aqui construindo sonhos e lapidando diuturnamente nossa História no Berço do Madeira.

Parabéns Nova Mamoré, Berço do Madeira, são trinta e quatro anos de emancipação Político-Administrativa comemorados neste 21 de julho de 2022. Sua História é nossa História, “[...] tu és bela e onipotente, com seu encanto varonil”[...] Berço igual assim ninguém viu [...]”,  como lindamente escreveu a professora Ivanilda Martins, no hino da cidade Berço do Madeira.


Autores: 

Simon O. dos Santos – Escritor e pesquisador, membro da Academia Guajamirense de Letras – AGL e Mestre em Ciências da Linguagem.

Marcia Dias Santos – Escritora e membro da Academia Guajaramirense de Letras – AGL.  Docente do Departamento Acadêmico de Ciências da Linguagem/ DACL - Campus de Guajará-Mirim, da Universidade Federal de Rondônia/ UNIR e  Doutoranda em Estudos Literários pela Universidade Federal de Uberlândia/UFU.

EM BREVE INAUGURAÇÃO!

NOVA MAMORÉ




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