Coluna Almanaque: QUANDO OS SONHOS ACABAM

Por Fábio Marques
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Por Fábio Marques

Às vésperas de completar seus maus vividos 56 anos, o poeta já se cansara de escrever sobre a política repleta de esquemas e intrigas. Cansara de escrever sobre o mundo do ter e do poder onde nada mais importa. Cansara de toda esta podridão.
Em toda sua vida, jamais procurou nortear sua bússola para bens e coisas materiais. Sempre na maior dureza, sua muleta para a ascensão social era a leitura. Voraz, lia tudo o que aparecia pela frente. Ora! O ter e o poder são efêmeros, enquanto um estado de espírito racional e intelectual são eternos. Esta era sua filosofia.
A vida é repleta de alegria e tristezas, vitórias e derrotas. As memórias do poeta oscilavam entre as “peladas” da infância no campinho do colégio e as baladas imortais dos anos 70 e 80, entre o primeiro encontro com Beatriz Afonso, sua eterna amada e a lembrança da fome que lhe abatia. Sem alimento no estômago, também não há virtude no espírito. E a fome aplacava sua alma e seu estado físico. Por vergonha escondia este fato casual dos amigos mais próximos.
Casado por infindáveis 25 anos, o poeta era sabedor que conviver é aprender a compartir opiniões e estilos de vida, conciliar hábitos e valores. Neste hiato temporal, sempre fora ciente que temperar gostos e desgostos, jeitos e trejeitos é uma parte meio incômoda de qualquer relação. Cada cabeça é uma sentença. É preciso oxigenar a relação, senão ela fica doentia e sujeita a neuroses.
Após estar penando por exatos 22 anos à procura de sua amada, o poeta achara seu modelo de rainha através da Internet. E por causa desta senhora vivia em constante esforço para ser melhor do que havia sido. Buscava se policiar de todas as maneiras para evitar qualquer tipo de discussão. Buscava sempre o que realmente era importante na relação e nunca elevar coisinhas para o patamar das questões essenciais.
Não existe amor eterno que resista aos problemas do dia-a-dia. Hoje as mulheres tem mais autonomia em relação às finanças que até colocam cláusulas e condições na relação. Passaram a ficar mais focadas no trabalho e na família e o sexo nem sempre está em primeiro lugar. Hoje as mulheres conseguem lidar melhor com a solidão que acabam achando natural que as relações estáveis cedam espaço para os casinhos de ocasião.
Uma maldição parecia o perseguir. Toda vez que alguma coisa dava certo em sua errática vida, sempre acontecia alguma cagada. Não se sabe o porquê, mas tal como surgira, tudo acabara. Tudo de repente ficara estranho.
Cansado desta vida fudida, o poeta também se cansara de estar correndo atrás de sonhos e ilusões. Em total miséria material e humana, era comum avistá-lo vagando bêbado pelas vielas do Mercado Público. Chegara ao fundo do poço. Para este farrapo humano não havia mais saída a não ser o da descida ladeira abaixo até morrer.
Até que numa ensolarada manhã de domingo, seu cadáver fora achado na sarjeta daquele espaço público.
*O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Mamoré não tem responsabilidade legal pela "opinião", que é exclusiva do autor.






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