Coluna Almanaque - AS MIL E UMA NOITES

Por Fábio Marques
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O Mamoré
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Por Fábio Marques
O poeta era um escritor que tinha algum talento pro negócio, mas nunca tivera a valorização dos políticos que adoram se aproveitar do talento dos jornalistas em próprio usufruto. Era um sujeito tímido e alcoólatra. Já havia sido bonito um dia, mas chegando já aos cinquenta anos decidiu: “Mulher que quiser dar pra mim vai ter que pedir”. Vaidoso, nunca lhe agradara a ideia de prostitutas. Embora casado, já tivera vários romances torrenciais. Mas não vamos ao caso. O fato é que seu último “affair” havia lhe deixado cicatrizes, isto pelo fato de que já havia decidido que esta senhora bonita, carinhosa, de vinte e oito anos haveria de ser sua viúva. O problema é que de uma hora para outra esta senhora resolveu seguir seu destino de madame “bem casada e honesta” e foi embora com seu marido para uma cidadezinha a 20 quilômetros da capital. Estava o poeta num evento social no Pakaas Palafitas e bebia sofregamente seu Buchanans, quando de repente uma sensual morena clara de cabelos lisos pretos que escorria até as nádegas se aproximou. Há tempos que não via uma mulher tão bonita.
- Você que é o Fúlvio Máximo, não é?
- Sim, eu mesmo.
- Poxa, sabia que eu sou sua maior admiradora, sou sua fã, adoro o que você escreve no jornal e...
- Em suma, a senhora quer me dar – disparou o poeta.
- Isso mesmo – assentiu ela.
- Seguinte madame, conheço teu marido, é meu chegado, ele ta ali na beira da piscina bebendo com os amigos. Então façamos o seguinte: estou alojado numa cabana aqui do hotel. Apartamento 12, to indo pra lá agora. Aparece.
Ela apareceu (fecha cortinas).
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Tava lá o escriba num dos cômodos do hotel San Carlos em La Banda com a esposa de um medíocre aprendiz de político da cidade (Não perguntem de qual cidade) quando em dado momento ela começou a filosofar.
- Vocês homens jamais vão entender as mulheres.
- Por quê?
- Porque vocês partem de um erro de enfoque. Para vocês existe pouca diferença entre os dois sexos. Sempre a mulher é quem tem mais sex-appeal e por isso deve ser motivo de cobiça. Mas existem “enes” diferenças.
- Mas que diferenças, além das lógicas e naturais?
- Nós mulheres não estamos nem aí em relação aos homens. Tudo o que a gente faz é em função das outras mulheres e vocês nem percebem.
- Olha, tá difícil...
- Meu querido, nós usamos vocês apenas para nos divertir e jogar confete para nossas rivais, só isso.
- Tudo bem, então quer dizer que não servimos para nada?
- Não é bem assim. Vocês são um mal necessário. Sem vocês a vida seria um tédio. Vocês fazem coisas que não nos interessam de maneira alguma. Coisas como acúmulo de dinheiro, de poder e outras besteiras. É claro que a linguagem é toda sexual. Mas enquanto nós já sabemos os detalhes desta linguagem desde que nascemos, vocês tem que elaborar de acordo com a culpa.
- Mas que culpa, tesão?
- A culpa que a gente incutiu em vocês desde que nasceram. Acredite, vocês são ridículos.
- Olha, gostei do tema e concordo com tudo. E aí, vamos dar outra?
- É claro, se isso te satisfaz.
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