Com alta do dólar e queda do real, bolivianos aquecem comércio

Turistas cruzam fronteira e lotam lojas de Guajará-Mirim para fazer compras. Produtos natalinos e roupas são alguns dos produtos mais procurados.
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O Mamoré
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Com a alta do dólar, cotado em média R$ 3,40, e a desvalorização do real, cerca de 800 turistas bolivianos atravessam a fronteira com o Brasil diariamente para fazer compras em Guajará-Mirim (RO), a cerca de 330 quilômetros de Porto Velho. Entretanto, nos finais de semana, o número aumenta. No último sábado (17), por exemplo, cerca de 2 mil turistas visitaram o comércio do município e lotaram lojas para comprar presentes de natal, itens de decoração, além de calçados e roupas para as festas de final de ano.
De acordo com a empresa de navegação responsável pela travessia de turistas no Porto Oficial, todos os dias cerca de mil passageiros cruzam o Rio Mamoré até Guayaramerín. Destes, 800 são bolivianos. Já nos finais de semana o número de viajantes chega a 2,5 mil, sendo cerca de 2 mil oriundos do país vizinho.
O fluxo intenso de turistas da Bolívia deixa o centro da cidade movimentado e lojas lotadas. O principal motivo que atrai os compradores é a queda do real. Conforme cotação desta segunda-feira (19), cada R$ 1 vale em média $b 2,00. Os alvos preferidos dos compradores são perfumes, relógios, eletrônicos, calçados e roupas em geral, visando as comemorações para os festejos de Natal e Ano Novo.
A dona de casa Yonka Mongión Cuenca, que mora na cidade boliviana de Riberalta, a cerca de 200 quilômetros da fronteira, disse que a baixa da moeda brasileira faz com que haja uma inversão de potência no comércio local. Segundo ela, antes não compensava vir até o Brasil fazer compras, e os brasileiros é que iam até lá comprar, mas, hoje, a situação mudou devido o aumento do poder de compra dos bolivianos.
“Lembro que, em 2015, a Bolívia era lotada de brasileiros que iam para lá comprar de tudo, mas agora é diferente. O dólar alto fez o real cair, então o boliviano ficou um pouco mais valorizado e a tendência é que continuem assim. Antes eu não tinha condições de comprar aqui, mas agora com os preços mais baratos dá. Os produtos brasileiros são de boa qualidade, por isso, vim com minha família comprar roupas e presentes para o Natal”, explicou a compradora.
Já o engenheiro civil Audir Torrejón, que mora em Cochabamba, diz que prefere gastar um pouco mais e vir até Guajará-Mirim, porque os produtos são melhores e os preços compensadores. “É claro que é um pouco longe, mas estou de férias e vim visitar uns parentes em Riberalta. De lá, resolvi dar um ‘pulo’ aqui para comprar alguma lembrança de natal para todos os familiares e amigos. Estou levando bastante roupa e alguns calçados”, conta Audir.
O gerente de uma loja situada no centro de Guajará-Mirim, Sérgio Badra, explica que a expectativa é que o movimento de consumidores seja intenso até a primeira semana de janeiro. Segundo ele, o estabelecimento investiu na contratação temporária de dois funcionários e aumentou o horário de expediente para atender a demanda de clientes.
“Nossas vendas aumentaram tanto no atacado quanto no varejo, em sua maioria, para compradores bolivianos. Eles compram muito para uso próprio e também para revenda, porque nossos preços estão melhores do que lá”, comentou.

Turistas de Rondônia na Bolívia
Mesmo com o dólar em alta, alguns brasileiros também cruzam para a Bolívia, na tentativa de encontrar mercadorias com o preço mais barato, mas a maioria volta sem as compras desejadas. O motivo é que os preços dos produtos importados subiram no comércio boliviano, o que acaba assustando os consumidores brasileiros.
Para não perderem a viagem até o país vizinho, os turistas de algumas cidades de Rondônia aproveitam para conhecerem os pontos turísticos e a culinária boliviana. Este é o caso da estudante universitária Joana Callong Pérez, que viajou cerca de 850 quilômetros de Pimenta Bueno (RO) até a área de fronteira com o namorado Jean Pierre Canté.
“Estamos de férias e viemos conhecer a Bolívia e fazer umas compras, mas quando chegamos lá o preço não compensou. Olhei um celular que aqui custa em média R$ 1,2 mil, e lá estava custando R$ 1.150, então não vi nenhuma vantagem e preferi não comprar. A única coisa que compramos foi uma camisa que meu namorado gostou, no mais preferimos curtir alguns pontos turísticos e comer a comida boliviana, para conhecer um pouco da cultura deles”, disse a estudante de administração.
Outro turista que viajou até a fronteira e não gostou dos preços que conferiu na Bolívia foi o eletricista João Montillo Silva, de 48 anos, que foi acompanhado da esposa Maria Eulália Laborda. Eles são moradores de Porto Velho e resolveram aproveitar o final de semana para relaxar e fazer compras, mas foram surpreendidos pelos preços em Guayaramerín.
“Olha, eu imaginei outra coisa, sinceramente. Parece que os comerciantes jogaram sal nos preços, tudo muito caro, sem condições de comprar lá. Para não voltar sem nada, compramos algumas coisas, mas nada demais”, contou o casal.


Fonte: G1.
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