Por Fábio Marques
Radialistas de programas de notícias imploram em seus alardes matinais pela proibição por parte do Poder Público, da venda de cerveja e outros produtos alcoólicos como forma de combate à corona-vírus. Mas era só o que faltava! Quanta ignorância! Os números de óbitos pela moléstia em Guajará-Mirim atestam: a maioria das pessoas que a doença vitimou não eram adeptas do consumo de álcool. Portanto, beber cerveja ou degustar qualquer outro produto oriundo dos alambiques, está podendo sim. O que não está podendo é aglomerar pessoas. Estejam bebendo ou não bebendo.
Mas o pior é que estes aloprados procuram imputar como pecado digno da fogueira eterna as pessoas que são chegadas numa cerveja ou qualquer outra bebida com poder de alegrar consciências ou ao menos aliviar os problemas do dia-a-dia. Para estes fidalgos, com a devida vênia, dedico a defesa da Coluna.
A gente bebe sim. Budweiser, Itaipava, Original, Lokal, Imperial, Paceña. E quando falta dinheiro a gente também bebe cachaça, Sessenta e Um, Velho Barreiro, Pinga, Caninha, Aquela que matou o guarda, Mé, branquinha... Seja que nome for. A gente bebe para esquecer, bebe para recordar, para esfriar, para esquentar, para comemorar. A gente bebe também por estar puto da vida, por estar alegre e por estar com depressão. A gente bebe por estar amando, por estar gamado, por ter sido largado. Bebemos porque apesar de todos os problemas, toda a roubalheira, toda a falta de escrúpulos, todos os desmandos do governo municipal, estadual e federal, toda a miséria, toda a violência, ainda somos um dos povos mais felizes do Planeta. Este é o nosso espírito, nosso Moto-perpétuo.
E não adianta vim dizer que a cachaça mata. Ora! Sem limites até arroz com feijão pode matar. O que a gente deve condenar é a gulodice. Mas para a defesa da cachaça permitam-me lhes passar este belíssimo texto do Ruben Braga: “Sim, a cachaça faz mal e quanto mais pior. Mas foi com a cachaça que o brasileiro pobre enfrentou a floresta e o mar, varou este mundo de águas e de terras, construiu essa confusão meio dolorosa, as vezes pitoresca, mas sempre comovente chamada Brasil. É com esta cachaça que ele, através dos tempos vela seus mortos, esquece a dureza do patrão e a falsidade da mulher. Ela faz parte do sistema de sonho e de vida; é como o sangue da terra que ele põe no seu sangue”.
Também não poderia aqui faltar, meus caros amigos, a sociologia da cachaça. Os abonados de dinheiro ou de saber intelectual recebem a qualificação de etílicos enquanto os viciados de condição humilde são apontados como cachaceiros ou “pés-inchados”. Mas a grande verdade é que o cachaceiro ainda goza entre nós da aura ou maior virtude do que o viciado em drogas pesadas. Termino aqui dizendo que já que não temos o direito de comer, deixem-nos pelo menos o direito de beber.
E até logo e passem bem que eu tô indo ali no boteco do Valter tomar uma “providência”.
* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Mamoré não tem responsabilidade legal pela "opinião", que é exclusiva do autor.
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