Imagine o cenário: você levanta pela manhã e acessa uma estação de rádio ávido por se inteirar das notícias. Enquanto se apronta para ir ao trabalho, também já começa a se estressar. Ao iniciar o noticioso, o locutor começa a enredar uma ladainha: - O capítulo da bíblia de hoje diz o seguinte: “Dai cachaça aos pobres de espírito e sedentos por justiça. Para que fiquem bêbados e esqueçam suas dores do mundo e suas misérias de vida”. E prossegue: - Está em Provérbios, capítulo 31, versículos 6 e 7. Que coisa mais linda a palavra de Deus, não é mesmo fulano de tal?
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Tirando a passagem de Provérbios, que se encontra escrita nas leituras sagradas (podem pesquisar), o restante do programa é um samba do crioulo doido. Mistura notícia com pregação bíblica, hinos de futebol, gozações e abraços para chegados.
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É preciso avisar para estes dementes que vivemos num país laico. Não existe religião oficial. Portanto, é de bom patamar respeitar os limites do bom senso ao querer impor goela-abaixo suas crenças ao maior número de passivos através de um programa de notícias.
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Em outros noticiosos do rádio, se percebe em alguns de seus porta-vozes poucas condições de recurso da linguagem pátria quanto ao seu uso. A outros está faltando linha de raciocínio. Muitas vezes enfiam os pés pelas mãos sem chegar a conclusão alguma sobre qualquer assunto.
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E quando resolvem abrir espaço para pastores de igrejolas, aí é um Deus nos Acuda! Adentra aí o lado tóxico que arruína todo o racional que os ingênuos seres humanos ainda têm guardados dentro de si. Ocorre que diante de tanta miséria, de tantos problemas, os mortos de fome ou sem melhores condições de vida, também sentem fome de Deus. O problema é que os patifes da fé se apossam de Deus e faturam com os negócios do Divino, com as coisas místicas.
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A religião que se propaga em alguns “templos sagrados” de todo o Brasil se preocupa mais com a teologia do capital, do consumo e do bem estar material do que com as coisas do espírito que deveria existir entre Deus e o Homem. Sem maiores ambições além das de respirar, a plebe ignara escrava das novelas e do futebol, acaba refém de patifes que arrocham o quase nada que este povaréu ainda tem guardado em troca de um terreno no céu. Estes falsos profetas arrocham estas pessoas ao tempo em que enganam, masturbam-se e cobiçam as mulheres do próximo que freqüentam as arapucas que chamam de igrejas.
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Do diário de um poeta: Deus não se preocupa comigo e nem eu com ele. Se por acaso existir, não vai ser um canalha para se preocupar com meus suaves pecados. De minha parte procuro sempre ser uma pessoa de bem. E procuro fazer isto por mim mesmo e não por Deus. Viver a vida à minha maneira me tem dado alegrias e tristezas, mas isto não tem nada a ver com Deus e nem com o diabo.
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