No final da tarde de sexta-feira, 22 de maio, enquanto o
Padre Edimilson e seus ajudantes se preparavam para abençoar a população de
Nova Mamoré, São Francisco de Assis, o padroeiro da paróquia, de braços abertos
no alto de seu pedestal, ao lado da igreja, nos presentou com uma resplandecente aquarela,
mesclando tons de amarelo, vermelho,
cinza e infinitas outras cores.
A aquarela, presente do nosso santo protetor, nos cobriu
mansamente, enquanto a noite se avizinhava trazendo consigo o toque de recolher
e o terno aconchego do nosso lar. Em tempos de pandemia, a noite torna-se mais
silenciosa e as ruas vão lentamente sendo ocupadas pelo vazio que passeia de
mãos dadas com o medo, com a aflição e com as incertezas.
São Francisco de Assis, o santo protetor dos animais e
padroeiro da ecologia, abençoe nossa casa, nossa família, nossos amigos,
vizinhos, colegas de trabalho e nossos animais. Traga refrigério para nossa
alma, proteja-nos deste mal que avança silenciosamente por entre as frestas e
fendas da quarentena.
Reforce nos “corações e mentes” de cada um de nós a mensagem
do “cuidado”, do “isolamento” e da coragem de permanecermos vigilantes e
firmes no propósito de valorizar a
vida. Caso contrário, talvez não tenhamos a oportunidade de dá o último abraço,
o último beijo, o último afeto a quem amamos.
Pergunte a quem perdeu um ente querido ou um amigo, a
imensurável dor de não se poder dar o último adeus. Meu querido amigo Marcio
Clímaco, permita-me reproduzir neste texto, a sua incalculável dor e a sua perplexidade
diante da perda de seu amado irmão Beto Clímaco: “Não sei por que tem que ser
assim! Sem ao menos te tocar, ou até mesmo te ver, para um adeus final! Porque?
Não entendo!”
São Francisco de Assis, pinte outras aquarelas e derrame
sobre nós, todos os dias, as tintas da compreensão, da solidariedade e da
esperança…Não abandone os filhos e as filhas do “Berço do Madeira”.
Autor: Simon O. dos Santos – Amazônida, filho da ferrovia.
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