Coluna Almanaque: POR QUE O POVO NÃO GOSTA DE LER

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O Mamoré
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Por Fábio Marques

Em minha vivência no emprego público, algumas vezes me vi obrigado a frequentar a sala de pessoas letradas, com know-how acerca de assuntos do trabalho e algumas até com canudos de academia. Nestes 15 anos de atuação no emprego público, já dividi saletas com advogados, técnicos e secretárias disto e daquilo. O que me surpreende até hoje é que em alguns ambientes de gente de alto pedigree em canudos e diplomas e aonde se deveria ser altíssimo o índice de leitura, quem ainda aparece quase que todos os dias com livros a tiracolo é exatamente este ignorante que vos subscreve.

Pra ser sincero, acredito que meus nobres colegas de “trampo” devem se achar mais que satisfeitos com aquilo que lhes fornecem a televisão que assistem em suas casas e os sites de notícias que esmiúçam entre um serviço e outro no expediente, daí talvez aonde se guarnecem com tudo aquilo que precisam para manter-se a par do que acontece mundo afora. Mas no âmbito geral parece que vem ganhando potência nos últimos tempos entre os adeptos da rede digital o desprezo pelos compêndios cujos conteúdos parecem exigir dos internautas exercícios de reflexão, algumas vezes incompatível com o alcance de seus neurônios.

Ocorre que a maioria das pessoas hoje em dia é avessa à leitura e preferem se informar através de releases compactos e de fácil digestão à informação que exija esforço de análise e compreensão que instiguem coisas para se questionar ou que no mínimo se constituam em objeto para discussão nas reuniões sociais.



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Muito difícil descrever para quem não conhece o prazer que é saborear o folhear de uma revista recém-comprada ou mesmo sentir o cheirinho da tinta fresquinha do livro recém-impresso. Lógico que a pretensão deste artigo não é fazer apologia da leitura impressa. O que se deseja aqui é incentivar o hábito da leitura a partir daquilo que interessa ao eventual leitor tanto de impressos como da mídia digital. Quem não lê nada é porque nada lhe interessa, correto? Errado. Alguma coisa interessa a alguém. Mas é no mínimo falta de interesse por uma análise mais embasada cuja ampliação dos assuntos repercutem em elucubrações, que diferenciam aqueles que se comprazem em discernir com senso crítico o potencial de um texto bem escrito, daqueles a quem não é dado tal faculdade intelectual.

Sem leitura, mais difícil ainda se ter senso crítico. E sem senso crítico, mais vulnerável ficará o cidadão a tornar-se massa de manobra, tabula rasa, energúmeno e serviçal incapaz de nunca discutir ordens de seus patrões, engolir a seco abusos ou se amarelar em sorrisos para aqueles que costumam violar a ética e os direitos humanos e a quem, no íntimo, despreza.

Em suma, quem lê tem liberdade, mesmo que preso às convenções de praxe. Quem não lê, seja por ignorância ou preguiça mental, contribui para que se perpetuem a cada dia mais a sagração da miséria, da corrupção, das falcatruas e das roubalheiras em todos os setores.

*O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Mamoré não tem responsabilidade legal pela "opinião", que é exclusiva do autor.








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