COP: Juventudes de Fronteiras denunciam destruição da Amazônia e reafirmam protagonismo climático, durante evento em Guajará-Mirim
Entre os dias 3 e 5 de outubro de 2025, a cidade de Guajará-Mirim (RO) recebeu a COP das Juventudes de Fronteiras, um encontro histórico que reuniu mais de 140 jovens indígenas, extrativistas, agricultores familiares, pescadores, povos de terreiro e campesinos do Brasil e da Bolívia.
Organizado com o apoio do Comitê de Defesa da Vida Amazônica na Bacia do Rio Madeira (COMVIDA Binacional), Instituto Madeira Vivo, Organización Comunal de la Mujer Amazónica (OCMA), Comissão Pastoral da Terra de Rondônia (CPT-RO), Cáritas Brasileira – Articulação Noroeste e o Coletivo de Jovens dos Povos e Comunidades Tradicionais de Rondônia, o evento consolidou um espaço de intercâmbio, vivências e partilhas, dando voz à juventude na defesa da Casa Comum e construindo estratégias concretas de resistência frente às emergências climáticas.
O encontro resultou na Carta Pública das Juventudes de Fronteiras, um manifesto contundente que denuncia os impactos do modelo agro-minero-hidroexportador, responsável por devastar florestas, poluir rios e comprometer o futuro das comunidades.
O documento aponta os projetos de hidrovias, hidrelétricas, mineração e garimpos como violadores de direitos dos rios, das populações ribeirinhas e da sustentabilidade da vida em sua integralidade. Ao mesmo tempo, a carta critica o chamado ‘capitalismo verde’ e projetos de crédito de carbono que, sob o pretexto de soluções ambientais, dividem comunidades, mascaram a realidade e alimentam a incerteza sobre o futuro.
Fernanda Arteaga, representante dos povos de terreiro e do Coletivo de Jovens dos Povos e Comunidades Tradicionais de Rondônia, destacou a dimensão cultural e cotidiana da luta ambiental. “Nossa luta é também pela natureza, de onde vêm nossas ervas e medicamentos. Unimos forças para que a juventude tenha voz e seja ouvida na defesa da Casa Comum. As mudanças climáticas afetam todas as comunidades, da floresta às reservas e às cidades, e cada um vive essas transformações no cotidiano”.
A jovem Erica Canoé, indígena do Povo Oro Wari de Guajará-Mirim, enfatizou a força política do encontro e a capacidade de mobilização das juventudes. “A COP das Juventudes de Fronteiras foi um marco histórico de união. Pela primeira vez, as juventudes se reuniram para discutir os problemas que enfrentam em seus territórios e reafirmar a importância de cuidar da Mãe Terra”, afirma.
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Erica ainda prossegue: “denunciamos hidrelétricas, a privatização da água dos rios Madeira, Tapajós e Araguaia-Tocantins, agrotóxicos que envenenam rios e o crédito de carbono que, embora apresentado como solução, provoca divisões, desinformação e incerteza sobre o futuro. Mesmo diante de tantos problemas, apresentamos nossas estratégias: lutar, defender e colocar em prática a justiça climática, fortalecer a juventude, reflorestar mentes e corações e nos unir como juventudes de fronteiras em defesa da Casa Comum. Demarcamos nossos espaços com cânticos, animação e gritos. Foi um encontro feito de juventude para juventudes, e participar de todo o processo é algo que não há palavras para expressar”.
Para Iremar Ferreira, do Instituto Madeira Vivo e COMVIDA Binacional, o encontro representou também uma estratégia de descentralização do debate climático. “Reunir mais de 140 jovens do Brasil e da Bolívia, com essa etnodiversidade, demonstra que é só pela força da juventude organizada, escutada e motivada que podemos construir um mundo e uma nova economia de base comunitária, solidária e com envolvimento. Essa é a resposta ao modelo desenvolvimentista que provoca a morte da Mãe Terra. Foi fundamental levar o debate da COP 30 para os territórios, para que as comunidades percebam que sua experiência, suas lutas e suas soluções têm valor, impacto e voz”, destaca.
O encontro reafirmou que as juventudes de fronteiras não apenas denunciam, mas também constroem soluções, combinando saberes tradicionais e tecnológicos, boas práticas de cuidado com o meio ambiente e estratégias coletivas para garantir justiça climática e protagonismo. Conforme afirmam as juventudes na carta, “vamos continuar a reflorestar mentes e corações para o presente e o futuro. Juventudes que ousam sonhar constroem o Poder Popular.”
A Carta Pública das Juventudes de Fronteiras é, assim, um marco de resistência, denúncia e esperança, uma alerta para que governos, empresas e a sociedade reconheçam o protagonismo das juventudes na defesa da Amazônia e da Casa Comum, mostrando que a hora de agir é agora, antes que seja tarde demais.
Foto: Nowi Xijein/ acervo do Coletivo de Jovens dos Povos e Comunidades Tradicionais de Rondônia
Para Iremar Ferreira, do Instituto Madeira Vivo e COMVIDA Binacional, o encontro representou também uma estratégia de descentralização do debate climático. “Reunir mais de 140 jovens do Brasil e da Bolívia, com essa etnodiversidade, demonstra que é só pela força da juventude organizada, escutada e motivada que podemos construir um mundo e uma nova economia de base comunitária, solidária e com envolvimento. Essa é a resposta ao modelo desenvolvimentista que provoca a morte da Mãe Terra. Foi fundamental levar o debate da COP 30 para os territórios, para que as comunidades percebam que sua experiência, suas lutas e suas soluções têm valor, impacto e voz”, destaca.
O encontro reafirmou que as juventudes de fronteiras não apenas denunciam, mas também constroem soluções, combinando saberes tradicionais e tecnológicos, boas práticas de cuidado com o meio ambiente e estratégias coletivas para garantir justiça climática e protagonismo. Conforme afirmam as juventudes na carta, “vamos continuar a reflorestar mentes e corações para o presente e o futuro. Juventudes que ousam sonhar constroem o Poder Popular.”
A Carta Pública das Juventudes de Fronteiras é, assim, um marco de resistência, denúncia e esperança, uma alerta para que governos, empresas e a sociedade reconheçam o protagonismo das juventudes na defesa da Amazônia e da Casa Comum, mostrando que a hora de agir é agora, antes que seja tarde demais.
Foto: Nowi Xijein/ acervo do Coletivo de Jovens dos Povos e Comunidades Tradicionais de Rondônia
Fonte: Racismo Ambiental