Coluna Almanaque: PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES

Por Fábio Marques
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Por Fábio Marques

Corria o ano de 1984 quando tudo começou. Cursava a 8ª série no Colégio Simon Bolívar. Após as provas do 4º bimestre, se constatou que toda a classe havia “levado pau” em português, fato este que empurrou todos para a prova final. A senhorita Olga Mejia, nossa professora, até que tentou nos ajudar fazendo o reprise de algumas matérias, mas a verdade é que estávamos muito atrasados.
Chegado o dia do exame, ao perceber que toda a turma seria reprovada, a docente achou por bem aplicar apenas uma redação cujo tema eram as festas de fim de ano. No começo houve aplausos e assovios, mas na hora do pega-pra-capar é que a galera se deu conta da situação. Uma coisa é você, a partir de um fato do cotidiano, pegar e descrevê-lo com palavras. Outra coisa é, a partir deste fato, você desenvolver a ideia, montar um esquema e passar para o papel com detalhes. Passado o desafio, em questão de dez minutos eu já havia entregue minha redação. No entanto teve gente que se viu em aperreios e até o caso de um aluno que entregou a mesma em branco.
Na data da entrega dos resultados, surpresa geral. A minha redação obtivera nota máxima e o restante da turma sequer alçara a metade da minha nota. Mais: a professora fez questão de ressaltar que os outros textos não passavam de arremedos em comparação com meu manuscrito. Minha redação causara impressão nela mesma. E tinha lá seus motivos: eu quase não prestava atenção nas aulas, era mau falante e quando abria a boca era maioria das vezes para falar besteira. Mas o importante é que o meu texto abafara. Lá tinha coisas como “saudações efusivas”, “almas que se aproximam”, “estouros de champanhe e fogos de artifícios”, “explosões de alegrias”. Ah, pra quê! Os colegas de classe queriam ver o que era que eu havia escrito. Já nas meninas, o texto havia causado tal encanto, que algumas mais afoitas até quiseram dar pra mim depois, mas isso é outra história...
Agora o segredo: desde pequeno sempre tive apego à leitura. Esta paixão literária devo a meu pai que nunca deixava faltar revistas em quadrinhos em minha casa. Minha infância foi florida de Almanaques Disney, Heróis da Marvel, da Hanna & Barbera e outros. Depois vieram os livros da adolescência. Assinante da Editora Record, toda vez que pedia seus livros, meu pai incluía um para mim. Afora isso, também gostava de fazer minhas composições. Tinha um caderno no qual escrevia as coisas que sentia, meus conflitos, minhas angústias, minhas revoltas, meus medos e minhas utopias.
Por este motivo é que hoje aproveito para agradecer ao meu saudoso pai pelo incentivo que me impulsionou a escrever e pela sua grandeza de caráter que muito contribuiu para o senso de justiça e cidadania que possuo. Se não fosse por isto, talvez não tivesse aqui expondo minhas opiniões e mostrando o personagem que habita este corpo presente.

*O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Mamoré não tem responsabilidade legal pela "opinião", que é exclusiva do autor.


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