Por Fábio Marques
Após a partida entre Guajará e Genus Porto Velho, com a consequente
derrota do time da casa, algumas pessoas – dentre elas alguns ex-atletas
da equipe e gente simples da torcida – me cercaram quase na saída do
estádio e pediram que fizesse uma resenha a respeito da contenda para os
sites da cidade. Não sei se os tópicos abaixo irão agradar a todos ,
mas refletem a mais límpida descrição do que este escriba pôde perceber
no percurso daquele embate.
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Um time sem conjunto, sem noção de espírito de equipe, sem organização
técnica, sem esquema tático, sem refino no manejo e toque de bola. Eis o
retrato do Guajará Esporte Clube. Sem qualquer harmonia, ali era cada
um por si. Um time de peladas. Muito chutão, muito “chuveiro”, muita
bola rifada, coisas que estão em desuso e defasão no futebol que se
pratica e que está sendo jogado nos dias de hoje à nível mundial.
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Naquela peleja, assisti apenas uma única ocasião visível de risco de
gol a favor do time da Cidade Pérola, mas que foi chutada para o esgoto.
Um meio-campista carregou a pelota e conseguiu arrastar quase toda a
defesa para sua atenção. O problema é que sua gana e egoísmo não o
deixaram enxergar que pelo flanco esquerdo entrava sozinho e livre um
colega de equipe que pedia quase que a clamores a passagem da esfera
couraça. E o que fez o cidadão? Arrastou a jogada até perdê-la para o
fechado bloqueio da zaga contrária.
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Guajará-Mirim já
teve futebol de elite à nível regional. Nos anos 70 e 80 todas as
equipes possuíam suas divisões de base desde o infantil até o titular. E
a coisa era levada a sério. Este escriba aos 14 anos atuava como
volante do infantil do América. E tínhamos espelhos. Fulano queria jogar
ao estilo dos craques do carrossel holandês johann Kruiff ou Rudi
Kroll, sicrano adotava o estilo do Daniel Passarela, valente zagueiro da
Argentina, beltrano já aderia os estilos do Michel Platini ou do Marco
Tardelli. E não fazíamos feio. Sabíamos o que era overlaping, ponto
futuro, marcação por zona, esquemas de jogo. Hoje muitos daqueles que
jogavam comigo ainda estão atuando nos torneios de masters que ocorrem
na cidade. E tenho certeza de que, apesar da idade, atuariam melhor ou
ao menos de igual para igual naquele trágico domingo contra o Gênus, do
que os arranca-tocos do Guajará Esporte Clube.
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Seria
cômico se não fosse trágico. Ainda no decorrer da pelada, um jogador se
machuca e um deputado baixote e de corpo roliço se apresenta como
massagista correndo a toda no meio do gramado com sua maleta de
primeiros socorros. Lógico que o público pensante e não o ignorante
presente ao coliseu de pronto percebeu que aquilo não passava de pura
jogada para a plateia, demagogia. Um deputado não deveria se sujeitar a
este vexame público, até porque acaba ferindo de morte a liturgia do
cargo que ostenta. A pergunta é? Quem foi o energúmeno que o orientou
que este tipo de jogada lhe cairia bem como produto de marketing
político?
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Coluna Almanaque: DOMINGO NO ESTÁDIO
Por Fábio Marques
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março 04, 2019
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