No programa em que atinge a marca de 400 edições, o
Profissão Repórter mostra a expedição mais longa feita por repórteres da
equipe. Danielle Zampollo e Maycom Mota passaram 25 dias na Amazônia e fizeram
contato com povos indígenas isolados. Uma médica guajaramirense que atualmente está
exercendo a profissão naquela região foi um dos destaques da matéria que foi ao
ar nesta última quarta-feira, 16, onde focou os riscos e os cuidados que a profissional e colegas passam para desenvolver seus trabalhos.
A viagem começou com um voo junto de uma equipe da Funai
pela área de florestas da segunda maior terra indígena do Brasil, no Vale do
Javari.
Após sobrevoar a região, a equipe do Profissão Repórter
continuou a expedição pela Amazônia de barco, já que não há estradas na região.
A base de Ituí da Funai, que serve de apoio para povos
indígenas de cinco etnias e controla o acesso à região foi atacada a tiros um
dia após a equipe de reportagem deixar o local. Os invasores entraram na terra
e deram cerca de oito tiros. Foi o quarto ataque em menos de um ano. Todo o
cuidado é justificado pelas invasões de pescadores, garimpeiros e de caçadores.
O colaborador da Funai Fábio Matute conta que o Exército foi
até o local uma semana após o ataque e fez uma apreensão de 600 quilos de pirarucu
pescados ilegalmente e 300 tartarugas.
Os conflitos com invasores também são a provável causa do
assassinato de Maxiel, um colaborador da Funai que chegou a ajudar o Profissão
Repórter durante a viagem. A investigação do crime é de responsabilidade da
Polícia Federal, que não quis se manifestar.
Durante a estadia em Ituí, uma família para na base para
buscar atendimento de saúde para uma criança que está com febre. Após
conseguirem a medicação, eles passam a noite no local para depois seguir viagem
até a cidade para uma avaliação médica.
Quarentena
Após deixar a aldeia, a reportagem começou a etapa mais
desafiadora da expedição, fazer contato com um grupo de isolados, os Korubos. O
primeiro contato da Funai com o povo indígena foi em março deste ano. A equipe
do Profissão Repórter foi a única que conseguiu uma autorização para acompanhar
o segundo encontro.
Mas antes do primeiro contato foi necessário passar por uma
quarentena de 7 dias. Os indígenas não tem um sistema imunológico preparado
para uma gripe, e ela pode ser fatal. A enfermeira Luziane López precisou ficar
de olho nas vacinas que aplicaria no povo indígena. Ela manteve a temperatura
baixa com pedras de gelo e monitorando tudo com um termômetro que fica em uma
caixa térmica.
Contato
Após os 7 dias de quarentena, a reportagem seguiu para o
encontro com os Korubo, mas antes ouviu algumas instruções de Takvan, que é da
mesma etnia que os isolados. Ele pediu que a reportagem evitasse levar câmeras
grandes no primeiro encontro. Existia a possibilidade do equipamento ser
confundido com alguma arma. A recepção a equipe do Profissão Repórter foi com
olhares de surpresa e curiosidade com as câmeras e os celulares da reportagem.
O grupo de Korubos foi contatado pela primeira vez em março
desse ano, o segundo encontro teve como principal missão vacinar as 34 pessoas
da etnia. Com a aproximação de invasores e também de outros povos, vem também a
chegada de doenças e os isolados não têm anticorpos.
A médica Daiany foi uma das entrevistas da reportagem do Profissão Repórter quando desenvolvia seu trabalho com indígenas isolados |
"É uma experiência nova tratar indígenas isolados. A
gente está acostumado com outro nível de paciente nas UBS, nos hospitais. Então
aqui a gente precisa ter aquela cautela de menos é mais. Quanto menos
medicação, é melhor", diz a médica guajaramirense Daiany Queiroz.
Equipe do Profissão Repórter com o cacique da aldeia, Makwëx, suas duas esposas e o filho |
O Vale do Javari reúne outras 10 etnias de indígenas
isolados e há registros de mais seis, ainda em estudo. É a maior concentração
de povos que vivem distantes da civilização no mundo.
Fonte: O MAMORÉ com informações G1