Crônicas Guajaramirenses - MARIA, é luz que incendeia, energia que move ondas, fluxo que move e transmove rios e igarapés

Por Paulo Saldanha
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Por Paulo Saldanha

             De repente, me dei conta de que, no dia 19 de fevereiro, cumprimos um ano sem ela aqui no nosso pedacinho de chão.

          E a sua imagem se me surgiu retumbante com aquele sorriso aberto, comum nas pessoas de elevado astral, otimistas, de bem com a vida, cujas ações em cima de uma trajetória rica, fecunda, plena de realizações, representam um dos maiores legados que alguém da sua geração pôde deixar como exemplo.

          Pude enxergar a expressão dos seus olhos claros e vibrantes que ressaltavam a sua personalidade arrebatadora e tão cheia de graça, como a da outra Maria, sua fonte inspiradora.

          E naquele encontro virtual observei que parecia feliz, realizada, e bastante compenetrada das suas novas condições espirituais que a alcançavam, em face da prematura mudança de status quo.

          Ela já não mais pertencia a esta dimensão, detalhe que me trouxe uma tristeza infinita, melancolia que me fazia lutar contra, porque eu desejava agarrar-me numa réstia de esperança, desejando pegá-la, abraçá-la, até porque havia em mim um ensandecido desejo de fazê-la retornar ao nosso convívio, ao cotidiano de nossas existências, posto que ela continua fazendo uma tremenda falta...

          Mas, sendo um ser humano limitado, jamais serei Deus, não me cabendo operar milagres...

          Um pouco tímido com aquela aparição esplendorosa, que eu via, mas não podia apalpar, ora eu desejava expandir a minha alegria incontida, ora uma força estranha mandava que eu me segurasse na exteriorização dos meus sentimentos, pois aquela mulher envolvida em tamanha luz já não fazia mais parte do planeta terra.

          A nossa Maria, enquanto inquilina, moradora desta geografia, era tão cheia de graça e luz que as distribuía em profusão! Sua luz, translúcida, viva, cristalina, irradiante, concorria para espargir mais claridade, como se fizesse cair ao derredor pétalas de muita energia cósmica, quase humilhando o astro rei, esse um, perante ela um canastrão, quase sempre com a sua petulante arrogância...

E até pude ouvir a sua voz com aquele sotaque inconfundível que ela fez questão de manter irretorquível, visando segurar íntegra a magia desse nosso encontro surreal.

          Aliás, até o sol, tantas e tantas vezes se recolhia numa sombra, prenunciando com antecedência a noite, assim que o clarão dela, a nossa Maria, ameaçasse surgir no espaço, posto que qual divindade, a serviço de Deus, de braços dados com um Arcanjo, saia para passear nesta galáxia, irradiando um novo renascer.

          E, até parecia que não seria só eu que a olhava, pois, por onde transitasse, exaltava a renovação e transformação dos ambientes, reciclando e metamorfoseando cenários.

          Assim, pude recordar que as suas atitudes foram transformadoras, seja no exercício do magistério, no casamento, na maternidade, na cidadania, enfim, na sociedade, seja como integrante do Lyons Clube, no gerenciamento da cultura no seu sentido mais amplo, em diversos municípios rondonienses, seja como acadêmica das letras, pesquisadora e historiadora.

          Seu nome tem brilho próprio, é luz que incendeia, energia que move ondas, fluxo que move e transmove rios e igarapés. É claridade que abençoa os amanheceres e faz rimas aos anoiteceres.

          “Luz intensa, lampejo de clarão que movimenta os nossos cérebros, fazendo-nos criar a música e o poema, a ópera e a cantiga de ninar, a crônica e o romance, a pintura e a escultura, com os quais desejamos imortalizar a nossa geração, perenizando um instante e um processo de evolução cultural”. É assim como eu a recordo, quando as saudades batem à minha porta.

          Lembro, aliás do quanto fora imprescindível na implantação e manutenção das lides literárias, quando fora concebida a AGL (Academia Guajaramirense de Letras); suas sugestões, idéias e ações justificaram o êxito da novel sociedade, fundada mercê do arrojo de alguns, dedicação de outros e da sua entrega pessoal aos mais legítimos interesses da entidade que projetamos e a qual, mais tarde passou a presidir.

Mesmo que se, num instante permaneça descansando, temporariamente, numa penumbra, o estoque de energia que lhe sobra, simboliza a explosão, o Big Ben na aurora dos mundos;
posto continuar sendo luz, síntese da energia cósmica, que movimenta a espiritualidade e a matéria, exemplo da ação e o paradigma do movimento, para que a mudança possa acontecer; é, a um tempo a hidráulica, a mecânica e, noutra hora, a eletricidade, mas que se envergonha, fica rubra, diante da inércia e da estática dos homens públicos de má vontade.

 Luz que ela distribuía em profusão, desejando acalentar o irmão próximo ou distante, sob a forma de mensagens positivas de vida, ainda que passando por cima das sombras que tentava transformar em claridade, sendo otimista, porque a fé que ia nutrindo se alimentava da esperança que elegera para pontificar na sua existência, e na energia que sempre ninava com as virtudes; e assim encarava a vida como serva de Deus.

Ela tem nome e sobrenome: MARIA TEREZA MERINO CHAMMA

*O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Mamoré não tem responsabilidade legal pela "opinião", que é exclusiva do autor.







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